PGR pede inquérito contra Eduardo Bolsonaro por ações nos EUA

Deputado licenciado já manifestou publicamente que age nos Estados Unidos para constranger a Justiça brasileira; mais uma ação ‘bolsonarista’ contra a soberania nacional

Eduardo Bolsonaro - Foto: Paola de Orte/Agência Brasil)

A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que seja aberto inquérito contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL). O motivo é a ação de Eduardo nos Estados Unidos contra autoridades brasileiras, enquanto está licenciado do seu mandato no Congresso Nacional.

O relator do pedido é o ministro Alexandre de Moraes, que já analisa casos de atos antidemocráticos. Ele deverá decidir se aceita ou não a denúncia.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, coloca na solicitação documentos comprobatórios das investidas de Eduardo contra agentes federais no intuito de constranger a Justiça brasileira.

A finalidade do deputado é provocar sanções internacionais contra membros do judiciário, sendo o principal alvo deles o próprio ministro Moraes. Os ‘bolsonaristas’ buscam se articular junto à extrema direita do governo Donald Trump no sentido de influenciar nas investigações que pesam contra Jair Bolsonaro. A cada dia que passa o cerco contra o ex-presidente se fecha mais, principalmente pela acusação de liderar o plano por um golpe de Estado.

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Assim, a PGR reúne desde postagens em redes sociais até entrevistas do deputado licenciado para demonstrar que suas ações visam interferir, com pressão internacional, a legitimidade dos processos judiciais no Brasil.

No pedido é colocado: “Desde o início do ano, o Deputado Federal Eduardo Bolsonaro vem, reiterada e publicamente, afirmando que está se dedicando a conseguir do governo dos Estados Unidos a imposição de sanções contra integrantes do Supremo Tribunal Federal, da Procuradoria-Geral da República e da Polícia Federal, pelo que considera ser uma perseguição política a si mesmo e a seu pai, apontado em denúncia em curso no Supremo Tribunal Federal como líder de organização criminosa empenhada em romper com a ordem institucional democrática para se estender à frente da Presidência da República, não obstante os resultados das eleições de 2022.”

Gonet ainda pede que a Polícia Federal ouça o ex-presidente Bolsonaro, sendo que ele é o principal beneficiado dos atos do filho nos EUA. Os custos de Eduardo fora do país, uma vez que está com o salário suspenso enquanto está afastado do mandato, são mantidos por Jair, como já afirmado.

Também é solicitado que Eduardo se manifeste com a sugestão de que seja encaminhada notificação aos endereços eletrônicos dele: […] diante da gravidade dos fatos, da premência de tempo e da seriedade das providências em tela, que o sr. Eduardo Bolsonaro seja convidado a se manifestar sobre os fatos que compõem esta petição, por escrito, no prazo que V. Exa. estipular. Sugiro que a digna Polícia Federal encaminhe a notificação aos endereços eletrônicos de que dispuser ligados ao sr. Eduardo Bolsonaro, sabendo-se que ele se encontra fora do Brasil, mas está em permanente contato e uso dos meios eletrônicos de comunicação.”

A movimentação do filho de Bolsonaro nos EUA é acompanhada também pelo governo brasileiro que mantém diálogo em nível diplomático para evitar que a situação ganhe novos contornos.

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A decisão de abrir diálogo aconteceu após o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, sinalizar publicamente pelas indicações de Eduardo. As possíveis sanções incluem impossibilidade de entrar nos Estados Unidos, assim como bloqueio de bens e contas no país.

No caso, não são somente as ações do filho “03” que visam constranger autoridades brasileiras. As “Big Techs”, gigantes de tecnologia, também podem estar por trás dessa articulação por meio de Elon Musk, que ocupa o cargo no Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), e tenta desgastar a atuação de Alexandre de Moraes desde que a rede social X foi sancionada e multada no Brasil por descumprir decisões judiciais.