Zambelli tem prisão decretada e vai para lista da Interpol após fugir do país
Decisão contra deputada bolsonarista foi tomada pelo ministro Alexandre de Moraes nesta quarta (4) e inclui a possibilidade de pedido de extradição de Carla Zambelli
Publicado 04/06/2025 15:43 | Editado 04/06/2025 16:21

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou, nesta quarta-feira (4), a prisão preventiva da deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) e sua inclusão na lista vermelha da Interpol. A parlamentar fugiu do Brasil após ter sido condenada devido à invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A decisão atende a pedido da Procuradoria-Geral da União (PGR).
“A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firme no sentido da decretação da prisão em razão da fuga do distrito da culpa, quando demonstrada a pretensão de se furtar à aplicação da lei penal”, aponta Moraes.
O ministro também determina o bloqueio dos passaportes da deputada — inclusive o diplomático —, e que o governo brasileiro peça, via Polícia Federal, a inclusão do nome de Zambelli na lista vermelha da Interpol.
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Além disso, solicita informações sobre o atual paradeiro da deputada para que sua extradição seja solicitada às autoridades do país onde ela estiver.
A decisão emanada pelo ministro também estabelece uma série de outros bloqueios:
– do salário de deputada e de qualquer outra verba de gabinete paga pela Câmara, recursos que serão destinados ao pagamento das multas resultantes da condenação;
– dos bens e contas da parlamentar, incluindo móveis e imóveis registrados em seu nome.
– dos perfis de Zambelli no X; Facebook; Instagram; YouTube; Tik Tok; LinkedIn; Telegram e GETTR. Tais empresas terão duas horas, a contar da notificação, para cumprir a medida.
Moraes também determinou o pagamento de multa diária de R$ 50 mil à deputada por postagens que “reiterem as condutas criminosas”.
Em entrevista concedida nesta terça-feira (3), a bolsonarista disse que estaria nos EUA e que pretendia ir para a Itália. “Carla Zambelli anunciou que, após a condenação por esta Suprema Corte, se evadiu do distrito da culpa, fugindo do território nacional e que vai ‘voltar a ser a Carla que era antes das amarras que essa ditadura nos impôs’”, apontou Moraes, em sua sentença.
À CNN, Zambelli fez pouco caso da justiça brasileira. “Sou cidadã italiana e lá eu sou intocável, a não ser que a Justiça italiana me prenda. E aí não vai ser o Alexandre de Moraes, vai ser a Justiça italiana. Estou pagando para ver um dia desse”.
No dia 14 de maio, a deputada foi condenada, por unanimidade, pela Primeira Turma do STF a dez anos de prisão pelos crimes de invasão a dispositivo informático e falsidade ideológica.
Além disso, Zambelli foi condenada à perda de mandato e ao pagamento de R$ 2 milhões por danos morais coletivos. O valor deverá ser dividido com hacker Walter Delgatti, que é réu confesso e que foi condenado a oito anos e três meses de prisão no mesmo processo.
De acordo com a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) que levou à condenação, Zambelli foi a autora intelectual da invasão, pela qual pretendia emitir de um mandado falso de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes. Ainda cabe recurso.