Israel ataca o Irã com apoio de Trump e amplia as tensões no Oriente Médio
Bombardeios atingiram lideranças militares, cientistas nucleares e infraestrutura, além de civis
Publicado 13/06/2025 12:55 | Editado 13/06/2025 18:37

O governo de Israel atacou na madrugada de sexta-feira (13) o Irã sob o pretexto falacioso de inviabilizar o programa nuclear do país. A ação destruiu infraestruturas e matou líderes militares e cientistas iranianos. Com a iniciativa, elogiada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o governo de Benjamin Netanyahu acentua a escalada bélica no Oriente Médio e põe o mundo em alerta.
Os iranianos negam enfaticamente o uso de tecnologia atômica para fins militares. O enriquecimento de material nuclear destina-se à produção de energia, afirma Teerã.
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Em resposta ao bombardeio, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, afirmou que os ataques são uma declaração de guerra de Israel e não sairão impunes. “O regime sionista cometeu um crime em nosso querido país hoje ao amanhecer, com suas mãos satânicas e ensanguentadas. Revelou sua natureza maliciosa ainda mais do que antes, ao atacar áreas residenciais”, disse. “O regime sionista deve se preparar para uma punição severa.”
Novos militares já estão sendo nomeados para os postos dos que foram mortos, com a indicação de que organizarão uma contraofensiva.
Ataques
O bombardeio iniciado pelas Forças Armadas de Israel alvejou lideranças militares e oficiais da Guarda Revolucionária do Irã, mas civis também foram vítimas. O país persa confirmou a morte do comandante-chefe da guarda, general Hossein Salami; do comandante da Força Aeroespacial, general Amir Ali Hajizadeh; do chefe do Estado-Maior das Forças Armadas do Irã, major-general Mohammad Bagheri; e do comandante do quartel-general central de Khatam al-Anbia, major-general Gholam Ali Rashid.
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De acordo com a agência internacional Reuters, pelo menos seis cientistas nucleares seniores foram mortos: Fereydoun Abbasi-Davani (ex-chefe da Organização de Energia Atômica do Irã e ex-membro do parlamento do país), Mohammad Mehdi Tehranchi (chefe da Universidade Islâmica Azad), Abdolhamid Manouchehr, Ahmad Reza Zolfaghari, Amirhossein Feghi e Motalibizadeh.
A ação militar é chamada de Operação Leão Ascendente por Israel, que afirmou ter utilizado 200 aeronaves militares para atingir cerca de cem alvos em todo o Irã.
Trump
O presidente dos EUA, Donald Trump, reagiu aos ataques em entrevista à ABC News. Ele demonstrou satisfação ao dizer que a ação militar dos israelenses foi “excelente”. Também indicou que tinha conhecimento sobre a estratégia.
Trump elevou ainda mais a tensão ao ameaçar os iranianos. Ele afirmou que “muito mais está por vir” caso o acordo nuclear que indicou não seja aceito. A proposta que estava sendo negociada visava ampliar o controle dos EUA sobre o programa nuclear do Irã.
No início do ano, Trump havia assinado um memorando que proibia o governo de Teerã de produzir armas nucleares, o que impunha maior pressão econômica com restrições contra os persas.
“Elevado risco para a paz”
Ainda nesta sexta, o Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) deverá se reunir para debater o conflito iniciado por Israel. O pedido veio das autoridades de Teerã, que pedem uma condenação pública dos atos, além de uma “ação decisiva” contra os atos “criminosos”.
Em nota, o governo brasileiro, pelo Itamaraty, condenou a ação do governo Netanyahu e diz que os ataques “ameaçam mergulhar toda a região em conflito”, representando um “elevado risco para a paz”.
Confira o texto na íntegra:
Ataques aéreos de Israel contra o Irã
O governo brasileiro expressa firme condenação e acompanha com forte preocupação a ofensiva aérea israelense lançada na última madrugada contra o Irã, em clara violação à soberania desse país e ao direito internacional.
Os ataques ameaçam mergulhar toda a região em conflito de ampla dimensão, com elevado risco para a paz, a segurança e a economia mundial.
O Brasil insta todas as partes envolvidas ao exercício da máxima contenção e exorta ao fim imediato das hostilidades.