Economista diz que ajuste fiscal na conta dos pobres é crueldade da elite

No lugar dos cortes nos gastos públicos, o professor da UnB José Oreiro propõe uma revisão dos benefícios fiscais calculados pela Fazenda em R$ 800 bilhões

(Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

O professor de economia da Universidade de Brasília (UnB) José Luís Oreiro, que esteve na equipe de transição do atual governo, propõe uma revisão dos benefícios fiscais calculados pelo Ministério da Fazenda em R$ 800 bilhões.

De acordo com dados da Receita Federal por meio da Declaração de Incentivos, Renúncias, Benefícios e Imunidades de Natureza Tributária (Dirbi), apenas 47 empresas foram responsáveis pela renúncia de R$ 120 bilhões entre janeiro de 2024 e fevereiro de 2025.

Para o economista, a revisão desses benefícios precisa ser feita a fim de equilibrar as contas públicas no lugar dos cortes nos gastos públicos propostos pelos economistas neoliberais, que defendem o chamado ajuste estruturante.

“Querer mandar a conta do ajuste fiscal para os mais pobres é de uma crueldade que só essa elite descendente de escravocrata no Brasil consegue formular”, disse o professor ao Portal Vermelho.

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Para ele, a pergunta é sempre: “Quem vai pagar a conta?”

“E, obviamente, os economistas neoliberais, que estão tradicionalmente ligados ao sistema financeiro, não só por preferências, mas por relações, vão defender os interesses do sistema financeiro e dos ricos”, diz.

“Quando você tem de fazer um ajuste fiscal, é evidente que eles não vão querer que o ajuste recaia sobre os ricos, o que também recairia, em alguma medida, sobre eles”, considerou.

O economista diz que a maioria dos economistas liberais tem contracheque ou são sócios de empresas do sistema financeiro.

“Essa coisa de fazer um ajuste estruturante em cima dos gastos sociais é de uma perversidade inacreditável”, criticou.

O professor propõe um pente-fino em todas as isenções para fazer o cálculo do custo-benefício.

“Aquelas isenções fiscais cujo benefício econômico para a sociedade seja superior ao custo, você mantém, as que o benefício econômico for inferior ao custo, você corta. Esse é o começo de qualquer discussão séria sobre o ajuste fiscal estrutural no Brasil”, afirmou.

Oreiro ressaltou que não se trata de “aumentar impostos, mas de reduzir benefícios para aqueles que não precisam deles”.

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