Márcio Pochmann aborda o mundo do trabalho em palestra no Rio

O professor Márcio Pochmann, do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho – Unicamp, participou na tarde do dia 9 da palestra organizada pela Escola do Legislativo Fluminense. Pochmann abordou, principalmente, a precarização do mundo do tra

Inicialmente, Márcio Pochmann criticou os que negam a centralidade do trabalho hoje e o fim do trabalho assalariado. Para alguns, nós “estamos condenados a um mundo sem trabalho por causa do determinismo tecnológico, visão que não tem consistência na realidade”, disse ele.



O professor da Unicamp também criticou sociedades de alto consumo, como a norte-americana, onde, segundo ele, três em cada quatro pessoas possui automóvel – apesar de ser um privilégio de poucas famílias. Para Márcio Pochmann a universalização desse padrão é impossível, principalmente em países periféricos. “É um mito acreditar que o Brasil vai se desenvolver dentro dessa perspectiva de padrão de consumo…que só é possível difundir na forma de uma profunda concentração de renda”. Entretanto, disse que esse modelo no Brasil também só pode atender um reduzido número de famílias. 



Jornada de quatro horas



Na sua palestra, Márcio Pochmann ressaltou o profundo aumento da produtividade do trabalho e, em certo momento, surpreendeu ao público quando defendeu que atualmente seria necessária apenas uma jornada de quatro horas diárias, três vezes por semana. “A produtividade vem crescendo de forma muito intensa. Nós todos estamos trabalhando muito mais do que há duas décadas atrás. Nós não tínhamos computador, nem celular e nem internet. Estamos fazendo mais coisas ao mesmo tempo. E se isso é verdade, não há mais razão para considerar jornadas superiores a quatro horas diárias por dia e três dias por semana. Não há razão técnica que justifique isso”, declarou Pochmann.



Ainda segundo ele, “não há nada que justifique alguém começar a trabalhar antes dos 25 anos de idade. A juventude deveria postergar sua entrada no mercado de trabalho e ampliar o período de aprendizado”.



Baixo crescimento



O professor Pochmann falou ainda sobre o baixo crescimento econômico do país, uma das causas para a saída de pessoas com alto conhecimento do Brasil: “hoje de 140 a 160 mil jovens (mestres e doutores) saem do país. A região sudeste hoje expulsa mão de obra, um local que já foi a locomotiva do Brasil. O Rio de Janeiro e São Paulo têm índices de crescimento abaixo do Haiti. O Rio teve o pior desempenho de 1990 a 2005, cresceu 1,4% ao ano. São Paulo teve o segundo pior desempenho, só 1,8%. Enquanto outros estados cresceram 7% ou 8% ao ano”.



Márcio Pochmann disse que são necessárias mudanças no mundo do trabalho, mas que elas só acontecerão através da construção de uma nova maioria de forças sociais.