Câmara de Caxias do Sul presta homenagem aos 85 anos do PCdoB
A Câmara de Vereadores de Caxias do Sul (RS) realizou nesta quarta (16) homenagem aos 85 anos do PCdoB. O ato contou com a presença de diversas autoridades, dirigentes, militantes e amigos do partido. O proponente foi o vereador Renato Oliveira (PCdoB)
Publicado 18/05/2007 11:58
A homenagem transcorreu no espaço chamado “grande expediente”, da Câmara, que antecede a sessão ordinária do dia. Destacou-se a calorosa recepção por parte dos vereadores ao partido e, em especial, ao presidente da sigla, Déo Gomes, que foi vereador por duas legislaturas (1997-2004) e presidente da casa (2004). Déo foi cumprimentado e abraçado por todos os vereadores e funcionários.
A composição da mesa do ato contou com as presenças, além do presidente municipal do PCdoB, do vereador comunista Renato Oliveira, do presidente do legislativo caxiense Zoraido Silva (PTB), do secretário da mesa diretora, Elói Frizzo (PPS) e do vice- prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT), representando o prefeito municipal.
Um pouco da história
Renato Oliveira foi o primeiro a usar a palavra. Após registrar a importância do PCdoB, no inicio da sua militância política – como líder comunitário e operário metalúrgico, fez relato abrangente da história do partido, desde a sua fundação, em 1922, até os dias atuais. Destacou os principais marcos da luta dos comunistas, como o movimento contra o nazi-facismo, a resistência ao Estado Novo e a luta contra a ditadura militar e pela democratização do país.
“O PCdoB possui muitas marcas na sua história. Destacarei quatro delas: a luta pela soberania, defesa da democracia, dos direitos dos trabalhadores e do socialismo”, enfatizou.
Concluiu chamando a atenção quanto a ameaça da cláusula de barreira. “Ela foi derrotada no Supremo e agora está de volta no Congresso. Vamos enfrentá-la, e com o apoio dos setores democráticos e progressistas venceremos novamente”.
A atualidade da luta
Após a fala carregada de história de Oliveira, foi a vez de Déo Gomes fazer o discurso em nome do PCdoB. Ele, ao contrário, embasou suas palavras na atualidade da luta dos comunistas. Sua principal referência a história dos 85 anos foi para registrar que “nestes últimos 85 anos o PCdoB sempre esteve presente nas lutas do povo, sem abrir mão dos seus princípios e com amplitude, para lutar junto com os que defenderam as causa justas e democráticas no país”.
O discurso do presidente do PCdoB caxiense foi marcado por momentos fortes. O primeiro foi quando denunciou o que chamou de “agiotagem do capital financeiro mundial e brasileiro, (…) que promovem uma verdadeira sangria nas riquezas e não há nação no mundo que suporte”.
Déo citou recente artigo assinado pelo economista e professor Gonzaga Beluzzo intitulado “A burrice econômica”, Carta Capital, 2/5/2007. O artigo fala da verdadeira “farra” dos capitais especulativos pelo mundo afora. “Tomam emprestado a 1% ou 2% ao ano em uma moeda que se desvaloriza (dólar) e aplicam a 12,5% em outra que se aprecia (real)”. Déo também chamou a atenção para a verdadeira “inundação” de dólares no Brasil, que o Banco Central vê-se obrigado a comprar no intuito de manter o patamar do câmbio. “ O que faremos com todo este montante de moeda americana? Esta moeda que entra aqui remunerada a 12,5%, provavelmente terá que ser aplicada em títulos do tesouro norte-americano, a meros 4,5%. São os interesses do sistema financeiro que impõe sua vontade às nações”. O dirigente comunista disse achar estranho os economistas analistas da grande mídia silenciarem diante desta grave situação.
Ao concluir chamou a atenção para o fato de o PCdoB, apesar de ser da base de apoio do governo Lula, defender mudanças na política macro-econômica, atualmente voltada para os interesses do capital financeiro, o que inviabiliza o desenvolvimento do país.
Ameaça a democracia
O segundo momento forte do discurso foi ao retomar o tema cláusula de barreira. Cobrou, com veemência, a posição do Partido dos Trabalhadores que, segundo ele, não existiria caso a cláusula tivesse sido colocada em prática no final da ditadura (início dos anos 80), como era a proposta na época.
“A cláusula foi copiada da ditadura militar, e nem a ditadura aplicou (…) FHC ressuscitou a cláusula de barreira. Hoje, apesar dela ter sido enterrada pela constituição de 88 e pelo supremo recentemente, o Marco Maciel está tentando ressuscitá-la de novo” e cutucou novamente os petistas “com o apoio de grandes partidos conservadores e até do PT”.
Déo também aproveitou o momento para falar das articulações do bloco de esquerda e da disposição do partido de apresentar candidatura própria nas eleições do ano que vem em Caxias do Sul, de acordo com a diretiva nacional do PCdoB de apresentar-se nas majoritárias em 400 municípios.
Apoio solidário do vice
O vice-prefeito fez saudação aos 85 anos do PCdoB, destacando a longevidade e a coerência do partido. Recordou João Amazonas a quem definiu como exemplo e “lutador incontestável da causa dos trabalhadores”.
Disse que é “solidário” na luta contra a cláusula de barreira. Disse que não entende os pequenos partidos como um entrave aos interesses dos grandes porque, segundo ele, “os grandes é que mandam. Quando querem alguma coisa fazem acontecer e pronto”. Exaltou os princípios democráticos e acrescentou que “não dá para imaginar a democracia brasileira atual com apenas dois ou três partidos”.
Placa
O parlamento de Caxias do Sul ofereceu placa alusiva aos 85 anos do partido, entregue ao presidente municipal. O evento contou com grande presença de lideranças comunistas locais.
De Caxias do Sul
Clomar Porto