Manifestantes protestam contra novo projeto de zoneamento ecológico

Representantes de diversas entidades da sociedade civil, dentre eles trabalhadores rurais e indígenas, lotaram o plenário da Alerj, no dia 16, para protestar contra o projeto de lei do Poder Executivo que trata do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE-RJ

Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico, Júlio Bueno, o Brasil vem se tornando um dos maiores pólos de celulose do mundo e é preciso que o estado do Rio participe desse crescimento. Bueno citou como exemplos de uso ecologicamente-econômico do eucalipto os estados de Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo, que já realizaram o plantio em larga escala da árvore.



De acordo com o ambientalista da Rede Alerta Contra o Deserto Verde, Sérgio Ricardo, a implantação da monocultura do eucalipto no estado ameaça o meio-ambiente e a sobrevivência de pequenos agricultores porque transforma, ao longo dos anos, as áreas plantadas em desertos verdes. Para ele é necessário realizar imediatamente um estudo para organizar o processo de ocupação socioeconômica com o objetivo de identificar e documentar, com ampla participação da sociedade, o potencial da limitação do uso sustentável dos recursos naturais, mas não somente com o plantio do eucalipto.



Os manifestantes protestam também contra a diminuição de 30% – de acordo com a lei atual – para 15% a porcentagem de área a ser destinada para o plantio de mata nativa nos empreendimentos de monocultura.



Eles temem que a plantação do eucalipto seja entregue à empresa Aracruz Celulose e que, com isso, a geração de empregos fique aquém do que a região precisa.



Segundo estudos apresentados pelo representante da Fundação de Trabalhadores na Agricultura do Rio de Janeiro (Fetag), Nei Aleixo, a companhia, nos locais onde já opera, vem gerando um emprego para cada 183 hectares. Já a fruticultura, complementa Aleixo, poderia designar dez empregos por cada hectare plantado.



Para a delegada Lívia Aroeira, da Delegacia Regional do Trabalho, os direitos trabalhistas dessas pessoas têm que ser respeitados. “Não podemos deixar que a relação de trabalho implementada na plantação de eucalipto repita o exemplo da cana-de-açúcar em Campos, no Noroeste fluminense”, comentou a delegada.



O pesquisador Rui Nogueira deu uma breve explicação sobre a origem do eucalipto. “A árvore veio da Austrália para secar os terrenos de beira de estrada, já que ela é uma grande consumidora de água – consome cerca de 360 litros por dia. A sua área de plantação supera a do arroz e do feijão juntas e não permite que outras espécies se desenvolvam”, explicou Nogueira.



Fonte: Alerj