Luta anti-racista é recente no Brasil

Mendes abriu a discussão distinguindo a escravidão praticada na antiguidade da escravidão que ocorreu na América, em especial no Brasil. Ele destacou que, diferente do que aconteceu na antiguidade, a escravidão ocorrida nestas terras teve um caráter de opressão sobre os povos do continente africano e está inserida na lógica capitalista de exploração de um ser humano sobre outro. Ele distinguiu a luta contra a escravidão, levada pelos trabalhadores africanos desde que chegaram – escravizados – ao Brasil, da luta anti-racista, iniciada no período da luta abolicionista, quando, inclusive, foi elaborada a teoria do enbranquecimento do povo brasileiro. Nesse sentido, é que se pode considerar que a luta anti-racista é recente neste país, diferente da luta anti-escravidão, iniciada há mais de 500 anos.

João Raimundo Mendonça de Souza (Kiko), presidente do PCdoB/Campinas, argumenta que o racismo foi elemento do sistema escravocrata, pois a ''elite'' desrespeita a cidadania do negro para criar uma cultura racista que sirva de instrumento à manutenção de seu poder político e econômico. Para Kiko, o racismo está inserido na luta de classes, mas suas lutas têm também outros elementos. Os ataques aos direitos sociais e trabalhistas, feitos pelos difusores do neoliberalismo, afetam principalmente a população negra. ''O combate ao racismo passa pelo debate sobre o papel do Estado, cujas políticas públicas para as áreas de educação e saúde devem atingir principalmente nós, negros'', afirma.

Ray, do Movimento Afro-Brasileiro de Amparo (MABA) falou sobre a importância do negro na disputa eleitoral. Ele considera que a luta dos negros levaram a um momento propício para a eleição de representantes da luta anti-racista em São Paulo e no Brasil.

De Campinas,
Agildo Nogueira Jr.