Sindicalistas denunciam banditismo sindical da Vale

''A eleição do Sindicato dos Químicos de Barcarena, cidade próxima a Belém, onde encontram-se instaladas duas fábricas da Companhia Vale do Rio Doce (Albras e Alunorte), vem sendo completamente manipulada pela multinacional, que tem empregado todo tipo de

Inicialmente marcada para a quarta-feira, 23 de maio, a eleição foi remarcada para o dia 1º de junho, com a chapa 1, da atual direção e cutista, sendo impedida de participar pela comissão eleitoral, ''após ter se dobrado às chantagens, ameaças e algum dinheiro'', revela Pantoja.



 


O esmero com que a Vale privatizada, que tem na região a maior fábrica de produção de alumínio do mundo, tem se batido contra a atuação do Sindicato cutista não é sem motivo: seus diretores se mantêm na vanguarda das mobilizações, exigindo fiscalização das inúmeras irregularidades nas condições de trabalho, condenando as contaminações do meio ambiente, como a poluição das águas, do solo e do ar com denúncias internacionais.



 


Aliciamento



 


''O que estamos vendo é um aliciamento explícito, com a empresa ameaçando demitir toda a junta eleitoral e até mesmo parentes de quem não se dobra às determinações da Vale. Entramos com uma ação na Justiça e estamos acionando as autoridades federais, porque é inadmissível que a empresa continue afrontando à lei, financiando abertamente uma chapa de oposição para que cale sobre os seus desmandos'', ressaltou o dirigente cutista.



 


A chapa que caiu nas graças da Vale, ''tem investido tempo, assessores e recursos na sua montagem e adestramento, com o apoio de políticos de direita do município, e é da Força Sindical, conhecida no município por calar frente às arbitrariedades'', enquanto a atual direção do cindicato, da chapa 1, ''tem levantado a voz o tempo todo contra a precarização, exigido respeito às questões ambientais e mobilizado contra todo tipo de assédio na fábrica''. A representação cutista também integra vários fóruns e redes, contando com uma sólida parceria com a central sindical alemã (DGB).



 


De acordo com Gilvandro Ferreira Santa Brígida, candidato a presidente pela chapa 1, ''o processo eleitoral está sendo atropelado pela interferência empresarial junto à Comissão Eleitoral. O presidente da Comissão é um gerente operacional e está a serviço da Alunorte''.



 


Irregularidades



 


Gilvandro elenca um extenso rol de irregularidades que apontam para o vergonhoso comprometimento do presidente da comissão, contaminando o processo. Abaixo, publicamos na íntegra, as denúncias do candidato da chapa 1.



 


''1º : Reunião do senhor Wilson Lana, Presidente da comissão com os representantes da relação trabalhista da Alunorte, na noite do dia 04/ 05/07 nas dependências da Alunorte – presenciada por um dos componentes da chapa 1. O senhor Lana está trabalhando fora da fábrica ministrando curso para os novos trabalhadores da empresa e não tinha nada para fazer na noite do dia 04/05, na empresa.



 


2º : Tivemos um pedido de impugnação feito pela chapa 2, que foi indeferido pela comissão no dia 4. Sem explicação, a comissão capitaneada pelo Presidente anulou a decisão do dia 4 e marcou uma assembléia para o dia 15 para decidir pela impugnação da chapa 1.



 


No dia 15, soberanamente, a assembléia decidiu por 70% (setenta por cento) dos votos pela não impugnação acatando a defesa da chapa 1 ''Químicos na Luta'', no mesmo momento foi assinado a ata da assembléia, por toda a comissão eleitoral. Agora pasmem companheiros: o presidente da comissão quer que nós assinemos uma outra ata diferente do que foi decidido em assembléia. Fica clara a pressão da Alunorte e da Vale do Rio Doce para que sejamos retirados da direção do Sindicato.



 


Este ato arbitrário nos leva a acreditar que sabendo que a chapa 2 não ganharia a eleição a Alunorte pressionou o presidente para bagunçar o processo eleitoral. O fato mais grave neste processo foi a quebra de confiança e de ética por parte da empresa Alunorte ao entregar cópia de ata de reunião realizada entre sindicato e empresa para ser usada politicamente pela chapa 2, com intenção nítida de denegrir a imagem dos diretores presentes na referida reunião. A ata em questão trata da eleição do Programa de PR que foi adiada em função da eleição do sindicato. Nós membros da entidade não tínhamos a cópia desta ata, e a empresa não consegue, ou não quer explicar, como um documento confidencial vai parar nas mãos dos membros da chapa 2. Com esta atitude a empresa rasga o seu código de ética, tão propagado pela mesma, e usado várias vezes como motivo de demissão de trabalhador, que por ventura violaram o dito código de ética. Será que a empresa usará o mesmo critério para quem liberou a ata da reunião em questão para a chapa 2?



 


A chapa 2 com o apoio explícito da Alunorte tem feito acusações totalmente descabidas como: se caso formos derrotados seqüestraremos a filha de um componente da chapa de oposição. Ou outra que nós fazemos do sindicato um meio de vida fácil. Um absurdo vocês conhecem a direção do Sindicato dos Quimicos de Barcarena, que sempre primou pela transparência e democracia e o modelo de sindicato representado por nós é o Sindicalismo Cidadão reconhecido nacional e internacionalmente o que contrasta com o modelo apresentado pela chapa 2 que é o que, todas as pessoas que acreditam no sindicalismo como ator de transformação Social devem combater, que é o banditismo sindical, que infelizmente tem o apoio de empresas no Brasil.



 


É muito clara a interferência do diretor industrial da empresa. Tanto que realizou uma reunião com os gerentes mandando os mesmos pressionarem os sócios do sindicato a votarem na Chapa 2.



 


Outro fato que comprova o apoio velado do diretor industrial Daryush, foi quando no ano passado pediu a um político local Renato Ogawa, na época presidente da Câmara de Vereadores de Barcarena, para ajudá-lo a montar uma chapa para disputar com a atual direção do sindicato dizendo que este dava muito trabalho para Alunorte. Felizmente somos todos filhos de Deus e o político bateu na porta do nosso diretor de esporte, já que jogavam bola juntos, desconhecendo que esse era da direção atual do sindicato, convidou-o para participar da chapa da empresa, relatando que o Diretor Industrial Daryush era o responsável por esta articulação, imediatamente o convite foi negado e o diretor assediado comunicou o fato à Direção do Sindicato.


 


O que indigna o sindicato é essa extrema preocupação da Alunorte com o processo eleitoral, pois é prioridade para a empresa mudar a direção do sindicato, esquecendo de suas responsabilidades. Está ocorrendo falta constante de Bauxita na empresa e por conta desse fato há um clima muito tenso devido à pressão da linha de comando nos trabalhadores o que tem provocado excessivas jornadas de trabalho causando desgastes físicos e psicológicos provocando com isso, acidentes e levando a demissões totalmente arbitrárias de trabalhadores envolvidos nos acidentes''.



 


Em função da contundência dos fatos, o sindicato e a CUT estão solicitando o envio de observadores para acompanhar o processo eleitoral, afim de que possamos coibir estas práticas anti-sindicais que as empresas teimam em praticar, atropelando uma eleição que deveria ser transparente e principalmente democrática.


 


Mais informações: Rogério Pantoja (96) 9112.3500 e (96) 3223.5810