Messias Pontes: Vergonhoso e hipócrita silêncio da mídia

Nada mais hipócrita que a grande mídia arvorar-se de defensora da democracia e da liberdade de imprensa em nosso País. Historicamente, essa mídia conservadora, venal e golpista sempre se posicionou contra os interesses nacionais e populares. Da casa grand

A história nunca registrou um caso de um jornal que tenha se recusado a divulgar a fuga de negros escravos e a recompensa para quem entregá-los; durante o Estado Novo, nenhum veículo denunciou as arbitrariedades do famigerado Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) e da repressão da polícia do sanguinário Felinto Müller contra os adversários da então ditadura; no início dos anos 1950, com a honrosa exceção do jornal Última Hora, de Samuel Wainer, todos os órgãos da grande imprensa, conhecida como imprensa marrom, tramaram o golpe contra Getúlio Vargas a soldo do grande capital e do imperialismo, tendo à frente Carlos Lacerda – o líder maior da canalha da UDN.


 



As tramóias e chantagens contra Juscelino Kubitschek foram permanentes durante todo o seu governo; com a renúncia de Jânio Quadros, fez coro com a direita mais reacionária para impedir a posse do vice João Goulart; durante o governo Goulart, deu irrestrito apoio à trama golpista articulada pelo embaixador norte-americano Lincoln Gordon, que culminou com a deposição, em 1º de abril de 1964, do presidente democrática e constitucionalmente eleito, e durante 21 anos respaldou as atrocidades da ditadura militar, com raras exceções já nos seus estertores. A Rede Globo articulou a fraude da Procunsult na apuração das eleições governamentais do Rio de Janeiro, em 1982, para impedir que Leonel Brizola assumisse o governo do Rio de Janeiro, e tentou esconder a grande campanha das Diretas Já, apesar de órgãos conservadores como a Folha de São Paulo a divulgarem.


 



Fernando Collor de Mello foi eleito presidente em 1989 com o apoio da grande mídia que durante toda a campanha demonizou o candidato da Frente Popular (PT, PSB, PCdoB) Luiz Inácio Lula da Silva; em 1994 e 1998,  repetiu a dose e elegeu o Coisa Ruim, responsável por uma das três maiores tragédias brasileiras. Tentou fazer o mesmo em 2002 e 2006, mas foi fragorosamente derrotada, notadamente nesta última quando foi impiedosamente desmoralizada. Durante todo o governo Lula não deixou um só instante de tramar o golpe, exigindo a instalação da CPIs por qualquer torpe motivo.


 



Mas durante o desgoverno tucano-pefelista (1995 a 2002) condenou toda tentativa de instalação da CPI para apurar os crimes de lesa-pátria e a desbragada corrupção nunca vista em nossa história republicana. A vergonhosa compra de votos para garantir a aprovação da emenda da reeleição do Coisa Ruim, inclusive com réus confessos, não mereceu espaços nessa mídia conservadora, venal e golpista. Outros escândalos, como o do Poer, do Sivam, da Pasta Rosa, do DNER, da Sudam, da Sudene, das Teles e de todo o criminoso e impatriótico desmonte do Estado receberam o vergonhoso e hipócrita silêncio.


 



Agora, vergonhosa e hipocritamente, mais uma vez, essa mesma mídia silencia diante da campanha pelo plebiscito popular – que teve início no último dia 1º e se encerra no próximo dia nove – pela anulação do fraudulento leilão da estratégica Companhia Vale do Rio Doce, a maior mineradora e ferro do mundo, “vendida” por R$ 3,3 bilhões, 30 vezes menor que o seu real valor. Esse plebiscito é promovido por dezena de entidades, as mais representativas da sociedade civil brasileira, dentre elas a as Pastorais da Igreja Católica, a União Nacional dos Estudantes, a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, a Central Única dos Trabalhadores, a Confederação Nacional das Associações de Moradores, associações comunitárias e sindicato de diversas categorias profissionais.


 



Também diante do recente escândalo da compra da operadora de TV a cabo TVA, do Grupo Abril, pela empresa espanhola Telefônica, cujo pedido de CPI foi feito pelo deputado Wladimir Costa, do PMDB do Pará e já tem 182 assinaturas, 11 a mais que o mínimo exigido, o silêncio é sepulcral. Nenhum órgão dessa mídia é capaz de informar que essa transação é altamente lesiva aos interesses nacionais, que é danosa ao princípio constitucional da livre concorrência, aos direitos do consumidor, e que viola a proibição de aquisição de controle de outorga de TV a cabo por empresa estrangeira, conforme a legislação pertinente.


 



Em nenhum momento essa mídia informou que a negociata fere a legislação brasileira e a soberania nacional. Pelo contrário, a golpista revista Veja, editada pelo Grupo Abril, procura desqualificar os 182 deputados e tenta desesperadamente, inclusive com ameaças e chantagens, que esses parlamentares, inclusive de oposição, retire as assinaturas. É preciso abrir a caixa-preta dessa mídia, condição essencial e indispensável para que a verdade venha à tona.