Lula em Pernambuco: “Não tenho tempo para picuinha”
Talvez por já visar o clima acirrado por conta das próximas eleições, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou o discurso de ontem, durante a cerimônia de início das obras da Refinaria Abreu e Lima, em Sua
Publicado 05/09/2007 16:48 | Editado 04/03/2020 16:59
“Não há tempo, em um mandato de quatro anos, para a gente ficar brigando por picuinha, brigando por eleição municipal, brigando por vereador. Eu acho que tem tempo de briga, mas tem o tempo de governança. Esse é o nosso tempo de governança, Eduardo (Campos). Se depender de mim, você passará pela história como o maior e melhor governador que Pernambuco já teve”, prospectou.
Mas não foi apenas para os correligionários e aliados que o presidente da República dedicou parte do seu discurso. Tentando mostrar que as críticas dos adversários não têm efeito sobre sua gestão, o presidente disparou contra os que “torcem contra”. “Muitas vezes, na política, o jogador que deixa o campo não quer que o outro marque o gol, ele quer que o outro perca… A mim não pega… Quem quiser ficar torcendo contra, vai quebrar a cara”. Mais adiante, o petista disse que quem quiser pode “esculhambar” sua gestão. “É uma questão pessoal dele. Quem vai se vingar é o povo, não sou eu”.
Com relação ao Nordeste, o presidente afirmou que tem “muita gente que acha que a Região nasceu para emprestar pedreiros ou lavadores de carro para regiões ricas do País”, referindo-se à necessidade de apostar no crescimento dessa parte do País.
Mesmo depois de dois anos de confirmada a escolha de Pernambuco para localização da refinaria, o presidente ainda tentou minimizar as possíveis arestas políticas com os demais governadores por conta da escolha de Pernambuco. Lula reafirmou que a escolha foi técnica e que foi avalizada pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez. “Foi o argumento que eu utilizei para convencer a governadora Garotinha (Rosinha Garotinho) a parar de colocar botton no peito das pessoas reivindicando a refinaria para o Rio de Janeiro”, contou. Lula também fez questão de citar o empenho do ex-governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), atual senador pelo Estado, para a instalação do projeto.
De acordo com o petista, no Brasil “nunca” existiu um presidente da República com uma relação de amizade como a que ele tem com os 27 governantes da Federação. Ao falar da disputa pela refinaria, Lula chegou a classificar os gestores de seus “27 filhos disputando uma fatia do bife”, que era a refinaria. “Nem o mais ferrenho opositor eu quero deixar fora da mesa”, afirmou, enfatizando que os recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foram distribuídos com todos os estados.
Para simbolizar os serviços de terraplanagem do empreendimento, o presidente, junto com o governador do Estado, Eduardo Campos (PSB), e o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, subiram numa retro-escavadeira, mesmo com muita chuva, para simbolizar o início das obras.
Antes, o presidente também inaugurou – desta vez sem discursos – o Cais 4 de Suape. Lula esteve no Estado acompanhado do ministro Sérgio Rezende (Ciência e Tecnologia), do secretário especial Pedro Brito (Portos) e do ministro interino Nelson José Huggins (Minas e Energia), além de deputados federais pernambucanos.
Fonte: Marileide Alves / Folha de Pernambuco