Manifestação no Aterro do Flamengo pedirá anulação da privatização da Vale

No dia 7 de setembro, as entidades que promovem o Grito dos Excluídos vão realizar uma manifestação no Aterro do Flamengo, na altura do Museu da República. O ato fechará a campanha pela anulação da privatização da Vale do Rio Doce.

A caminhada, que terá apresentações culturais e artísticas, terá concentração a partir das 09hs. O principal objetivo é denunciar a privatização da Vale do Rio Doce, vendida no governo neoliberal de FHC no ano de 1997 e que até hoje é contestada judicialmente.



A pergunta que está sendo feita para a população é “Em 1997, a Companhia Vale do Rio Doce patrimônio construído pelo povo brasileiro foi fraudulentamente privatizada, ação que o Governo e o Poder Judiciário podem anular. A Vale deve continuar nas mãos do capital privado?”. A resposta será SIM ou NÃO.



As entidades que organizam o Grito dos Excluídos são: Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), Famerj, CUT, MST, UNE, Ubes, Marcha Mundial de Mulheres, além do PCdoB e PT.




“Isto não Vale! Queremos Participação no Destino da Nação”
 

            “Caminhando se abre caminho”


Os movimentos sociais em geral e em especial o Grito dos/as Excluídos/as, estão vivendo um processo de articulação que vem se aprofundando nos últimos anos. A partir da primeira Semana Social Brasileira, iniciada em 1991, temos dado muitos passos em conjuntos. Não é a toa que chegamos a realizar a 1ª Assembléia Popular Nacional no ano de 2005. Antecederam a ela as Semanas Sociais, o surgimento do Grito, a Campanha Jubileu Brasil e os Plebiscitos da Dívida e da Alca. A realização da Assembléia Popular em 2005, foi fruto não só do desejo de superar as divisões e os protagonismos, às vezes exacerbados, mas também de uma vontade política de juntos construirmos um outro projeto, um Projeto Popular para o Brasil; vontade sintetizada na frase: O Brasil que Nós Queremos.
   

Neste ano, temos pela frente um grande desafio. Mais uma vez nos propomos realizar de forma conjunta e articulada um outro plebiscito: desta vez, pela anulação do leilão da Companhia Vale do Rio Doce.



Razões para isto temos muitas: trata-se de um patrimônio do povo brasileiro que foi de forma fraudulenta passado para as mãos da elite que está enriquecendo às nossas custas. Temos inclusive respaldo jurídico, já que uma juíza deu parecer dizendo que a   avaliação do valor da companhia para a realização do leilão não valeu.



O Grito dos/as Excluídos/as deste ano, tem como lema: “Isto não Vale: Queremos Participação no Destino da Nação”. Este sugestivo lema nos leva a refletir como Grito, o que vale e o que tem valor e o que não vale, o que não tem valor para a construção do projeto popular para o Brasil.



Com certeza não vale o neoliberalismo que continua concentrando riqueza e poder nas mãos de uma pequena elite; não vale a atual política econômica que de um lado dá toda a garantia ao capital financeiro e ao pagamento das dívidas; por outro lado não apresenta nenhuma alternativa para milhões de jovens sem emprego e sem perspectivas de futuro; não realiza a reforma agrária tão necessária e obriga a milhões de brasileiros a emigrarem   para outros países em busca de oportunidades de trabalho.



Enfim, não vale a crescente exclusão social, a fome a privatização do público em benefício de uma pequena minoria,  em detrimento do povo brasileiro. Não vale este modelo econômico que não resolve nossos problemas, não vale a corrupção, a impunidade, a guerra, a violência, as ocupações militares como no Iraque e no Haiti.



Mas o que é então que vale? O que é que tem valor?



Na perspectiva e na continuidade dos últimos gritos, vale é o protagonismo popular, valem os grupos de base que discutem os seus problemas e de forma articulada buscam as soluções. Só com o  protagonismo do povo é que podemos de fato fazer acontecer mudanças, como dizíamos: “mudanças pra valer, o povo faz acontecer”.



Tem valor a generosidade, a confiança, a solidariedade, a ética, a transparência, a amizade, partilha, a alegria, enfim o que vale é a dignidade da vida.



Neste sentido os movimentos e pastorais sociais, entidades e pessoas estamos desafiados a construir um novo processo pedagógico, apaixonante e   envolvente, o Plebiscito Popular pela Anulação  do Leilão da Vale. Neste processo queremos rediscutir as privatizações e também a redução das taxas de energia e fazer as lutas do dia a dia. Não nos faltam capacidade, vontade e clareza política sobre o que queremos.



Enfrentar o desafio que temos pela frente significa realizar a formação, organizar pequenos grupos na base, realizar assembléias locais e municipais, enfim construir de forma pedagógica um caminho onde o povo seja o sujeito principal que debate os problemas, planeja ações, age de forma articulada e avalia suas práticas.



Mãos à obra, portanto!