'Folha de S.Paulo' faz mudanças decorativas para conter jabá

As mudanças, comunicadas aos jornalistas pela editora-executiva, Eleonora de Lucena, foram feitas – diz o jornal – “com o objetivo de ampliar a transparência da Folha em relação a seus leitores”, segundo o texto do e-mail, que já vazou para a internet  e, desde a última quarta-feira (12) já podia ser conferido em um blog. Uma das medidas diz ser “obrigatório” que o jornalista pague sua conta quando vai conferir os serviços de algum restaurante.

Outras condutas são mais amplas, como a que define que o “jornalista da Folha não deve possuir ações de empresas sobre as quais escreve com regularidade”, mesmo aqueles que não cobrem o mercado financeiro. Mas a Folha, embora pareça mais exigente, mantém-se aberta a convites de eventos, julgando caso a caso, conforme este trecho: “No caso de viagens, quando o convite é aceito e resulta em texto publicado, o jornal informa com clareza que o jornalista teve suas despesas pagas pelo patrocinador.”

Flexível nesse ponto, o Manual de Redação e Estilo do jornal é ultra-ortodoxo quando analisa outro assunto: “É proibido ao jornalista da Folha pedir ingresso para eventos culturais, como shows e peças de teatro. Sempre que possível, a Folha pagará pelo ingresso dos profissionais que forem cobrir tais eventos”. Por que aceitar convites pagos para viagens – mas não ingressos de eventos artísticos?

Quem trabalha na Folha também pode ser autorizado a participar de “anúncios de campanhas de interesse público, com autorização prévia da Direção de Redação”. Mas o Manual não explica o que entende por interesse público. Poderia um colunista do jornal, por exemplo, participar do movimento golpista “Cansei”? As mudanças para “ampliar a transparência” não evitaram certa nebulosidade do Manual.

Da Redação, com Portal Imprensa