Descendentes de quilombos farão manifestação
Moradores de duas comunidades do município de Novo Airão (a 115 quilômetros de Manaus) organizam um ato público na cidade, na próxima segunda-feira, dia 24, às 10h. O motivo do protesto é o início da campan
Publicado 20/09/2007 19:59 | Editado 04/03/2020 16:13
Há pouco tempo, descobriu-se que na região há áreas remanescentes de quilombos. São filhos de escravos que ali se instalaram na esperança de ter suas próprias terras pra viver e plantar. Segundo informações do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Novo Airão, mais de 300 pessoas nessa situação vivem no local.
Entretanto, em 1980, o Governo Federal criou o Parque Nacional do Jaú e, em nome da preservação daquela área ambiental, iniciou a perseguição aos moradores da Comunidade Negra do Tambor e os expulsou da região. O parque possui uma área de 2, 272 milhões de hectares.
Primeiro, proibiram que regatões entrassem no Rio Paunini para vender remédios e mantimentos básicos aos comunitários. Depois, proibiram-lhes a pesca e a caça e, posteriormente, iniciaram a expulsão de parte das famílias da comunidade.
Hoje, essas famílias são obrigadas a viver na periferia de Novo Airão. “Mais uma vez, a história se repetiu. Negros foram expulsos de suas terras pelo 'Estado Brasileiro', sem que lhe fosse dado qualquer auxilio ou indenização, ou seja, uma nova reedição da dita 'abolição da escravatura'”, compara o presidente regional da União de Negro pela Igualdade (Unegro), Emmanuel Medeiros.
Reconhecimento
Por iniciativa da Fundação Osvaldo Cruz (FIOCRUZ) e Ministério Público Federal, após elaboração do relatório de identificação da comunidade, a Fundação Palmares, emitiu certidão reconhecendo formalmente a Comunidade Negra de Novo Airão como Quilombo do Tambor. O reconhecimento foi feito no dia 7 de julho de 2006 e publicado no Diário Oficial da União.
De Manaus,
Mariane Cruz