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Protesto em São Paulo agitou campanha pró-aborto

Manifestantes reuniram-se na tarde desta sexta (28) no centro de São Paulo em um ato organizado por entidades feministas em defesa da descriminalização do aborto no país. Foi o principal evento do Dia de Luta pela Descriminalização do Aborto na América La

As ativistas fizeram batucada, panfletagem e discursos políticos em defesa do direito das mulheres de interromper a gravidez com  assistência médica.


 


“O aborto inseguro é a quarta maior causa de morte materna [no Brasil]. Se a gente legalizar o aborto, vai reduzir as mortes maternas e as seqüelas para a saúde das mulheres”, afirmou a secretária-executiva do Comitê de Luta pela Legalização do Aborto Dulce Xavier, que também integra o grupo Católicas pelo Direito de Decidir.


 


“Mesmo considerado crime, as mulheres não deixam de fazer. A única forma de reduzir essa prática insegura é legalizando o aborto. Isto é, deixar de ser crime e o sistema de saúde pública passar a atender essas mulheres”.Ela também defendeu políticas efetivas de planejamento familiar e maior acesso a métodos anticoncepcionais. “As mulheres ainda têm dificuldade de acesso a métodos contraceptivos. Temos índices de violência domésticas muito altos – fazendo com que a mulher não tenha condições de negociar o uso do preservativo”.


 


Xavier também informou que grupos favoráveis e contrários ao aborto devem se reunir no dia 10 de outubro numa audiência no Congresso Nacional. Em pauta, estaria a discussão do Projeto de Lei de 2005 que garante a realização do aborto em hospitais credenciados ao Sistema Único de Saúde (SUS).


 


“Nós temos de ter políticas sérias de prevenção, mas quando a mulher precisa interromper a gravidez, ela deve ser atendida na saúde pública. E, para isso, tem de mudar a lei”.


 


Diálogo


 


Segundo ela, os manifestantes buscam dialogar com a sociedade e com o governo, embora ela tenha se manifestado contrária à realização de um plebiscito, pois considera que a questão deve ser tratada apenas na esfera da saúde pública.


 


“Não é um tema para ser decidido em um plebiscito, porque é uma questão de decisão íntima da mulher. Quem tem de decidir sobre a maternidade é a mulher. Como a população pode tomar decisão sobre meu corpo?”.


 


Em abril, o ministro da Saúde José Gomes Temporão defendeu a realização de um plebiscito para que a população decida sobre o tema.


 


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ser contra o aborto como cidadão católico, mas defendeu que o Estado tenha uma política pública “adequada” para as mulheres que enfrentam uma gravidez indesejada.


 


Em maio, um relatório da Federação Internacional de Planejamento Familiar estimou que são realizados cerca de um milhão de interrupções de gravidez de forma insegura a cada ano no Brasil, o que gera quase 700 internações por dia no Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento de complicações, a um custo total de quase R$ 33,7 milhões.