Bloco de Esquerda no DF em construção

A exemplo do cenário nacional, partidos de esquerda tentam formar no DF aliança que viabilize candidatura alternativa em 2010.

Partidos que tradicionalmente ocuparam posição de coadjuvantes na política do Distrito Federal tentam montar um bloco de esquerda para chegarem mais fortes às eleições de 2010. Aos moldes do que ocorreu na eleição da Presidência da Câmara dos Deputados, no início do ano, em torno da candidatura de Aldo Rebelo (PCdoB-SP), dirigentes do PSB, PCdoB, PDT e legendas nanicas ensaiam o lançamento de uma frente em Brasília com a mesma composição. A intenção é criar alternativa aos grupos liderados na capital do país pelo governador José Roberto Arruda (DEM), pelo ex-governador Joaquim Roriz (PMDB) e pelo PT.


 


As legendas marcaram para o próximo dia 28, ao meio-dia, um ato de abertura da frente no auditório da Câmara Legislativa, com a divulgação de um manifesto político. O presidente do PSB-DF, Marcos Dantas, explica que os partidos querem reproduzir no DF o movimento nacional de aglutinação das siglas ditas de esquerda, que têm no deputado Ciro Gomes (PSB-CE) um potencial candidato à Presidência da República nas próximas eleições. “Queremos consolidar esse bloco com vistas a 2010 porque temos capacidade e quadros para lançar candidato ao governo e ao Senado”, afirma Dantas.


 


O primeiro passo, segundo Dantas, será montar uma estratégia para as eleições municipais na região do Entorno do DF, no próximo ano. O presidente regional do pcdob, Apolinário Rebelo, afirma que o novo bloco não será contra ninguém e sim a favor desses partidos para que se consolidem como opção de poder. “Pretendemos trabalhar para nos tornar alternativa, pólo, referência no Distrito Federal, com um discurso e uma visão crítica e independente em relação à política do GDF e da aplicação dos programas do governo Lula no DF”, explica Apolinário.


 


Nomes


Para chegar ao próximo pleito competitivos, esses partidos apostam em nomes que desempenharam papéis de destaque nas últimas eleições, como o ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz (PCdoB), que ficou em segundo lugar, com 544,3 mil votos no páreo para o Senado; no ex-governador e hoje senador Cristovam Buarque (PDT) ou no deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB), que também concorreu ao Palácio do Buriti em 2002. Esses personagens da política de Brasília sempre estiveram, de alguma forma, atrelados ao PT. Mas agora sonham alçar vôos próprios ou, no mínimo, chegar nas próximas eleições com condições de peitar os petistas, casos esses, mais uma vez, não arredem o pé da pretensão de manter candidato próprio ao GDF, como ocorreu nas últimas quatro campanhas.


 


No ano passado, o PCdoB tentou até o último minuto viabilizar Agnelo na disputa ao governo. Mas o PT não admitiu recuar na candidatura da petista Arlete Sampaio. Sem saída política, o pcdob teve de recuar e Agnelo entrou na disputa ao Senado contra o ex-governador Joaquim Roriz. No PSB, havia uma disposição de optar pelo nome do ex-ministro. Mas a legenda não tinha força política para formar uma coligação com o pcdob, sem o PT, que conquistasse votos suficientes e coeficiente eleitoral para eleger o então presidente regional, Rodrigo Rollemberg, deputado federal.


 


Correio Braziliense