Ataque suicida mata Benazir; oposição culpa Musharraf
A ex-primeira ministra do Paquistão Benazir Bhutto foi assassinada nesta quinta-feira (27) em um ataque suicida com bombas e armas de fogo durante um comício eleitoral na cidade paquistanesa de Rawalpindi. Pelo menos mais 16 pessoas foram mortas no at
Publicado 27/12/2007 14:06
''Ela faleceu às 18h16 (hora local)'', disse Wasif Ali Khan, membro do Partido do Povo, liderado por Benazir, no Hospital Geral de Rawalpindi. Conforme Mohammad Shahid, porta-voz da polícia, um dos atacantes atirou na líder oposicionista quando ela deixava o comício, e em seguida fez-se explodir.
''Musharraf, cachorro''
Diante do hospital, concentraram-se apoiadores da líder assassinada gritando palavras-de-ordem como ''Musharraf, cachorro'' — numa referência ao presidente do Paquistão, Pervez Musharraf. Alguns se atiravam de encontro à porta de vidro da unidade de emergência do estabelecimento. Muitos choravam. Informou-se que depois do atentado Musharraf estava presidindo uma reunião de emergência do gabinete de ministros.
A explosão deixou fragmentos de corpos ao longo do Parque Liaqat Bagh, onde Benazir discursou antes do atentado. A polícia isolou o local com fitas vermelhas e brancas, enquanto equipes de resgate transportavam as vítimas em ambulâncias.
Nawaz Sharif, também ex-primeiro ministro e oposicionista, compareceu ao hospital e dirigiu-se a partidários de Benazir na porta do prédio: ''Asseguro que a partir de agora vou combater na guerra de vocês''. Ele disse que compartilhava do luto ''de toda a nação''.
Crise que se agrava
O assassinato tende a aprofundar a crise política no Paquistão. Benazir e outros expoentes da oposição vinham acusando Musharraf (um general do exército que chegou ao pode em 1999 por meio de um golpe militar) de planejar a manipulação dos resultados das eleições parlamentares marcadas para 8 de janeiro.
Benazir Bhutto esteve por duas vezes à frente do governo do Paquistão entre 1988 e 1996. Depois do golpe de 1999 exilou-se em Londres, de onde retornou em 18 de outubro deste ano. A concentração para recepcioná-la também foi alvo de um ataque suicida, que matou mais de 140 pessoas e por pouco não a vitimou. Ela era filha de Zulfikar Ali Bhuto, fundador do Partido do Povo e também ex-primeiro ministro, enforcado em 1971 na sequência de outro golpe militar.
A crise política divide o país de 140 milhões de habitantes em três campos hostis entre si: os partidários do general Musharraf, que manobram para manter seu regime; a oposição laica, de Benazir e Sharif; e os partidários da Liga Muçulmana.
Da redação, com agências