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Ataque suicida mata Benazir; oposição culpa Musharraf

A ex-primeira ministra do Paquistão Benazir Bhutto foi assassinada nesta quinta-feira (27) em um ataque suicida com bombas e armas de fogo durante um comício eleitoral na cidade paquistanesa de Rawalpindi. Pelo menos mais 16 pessoas foram mortas no at

''Ela faleceu às 18h16 (hora local)'', disse Wasif Ali Khan, membro do Partido do Povo, liderado por Benazir, no Hospital Geral de Rawalpindi. Conforme Mohammad Shahid, porta-voz da polícia, um dos atacantes atirou na líder oposicionista quando ela deixava o comício, e em seguida fez-se explodir.

''Musharraf, cachorro''

Diante do hospital, concentraram-se apoiadores da líder assassinada gritando palavras-de-ordem como ''Musharraf, cachorro'' — numa referência ao presidente do Paquistão, Pervez Musharraf. Alguns se atiravam de encontro à porta de vidro da unidade de emergência do estabelecimento. Muitos choravam. Informou-se que depois do atentado Musharraf estava presidindo uma reunião de emergência do gabinete de ministros.

A explosão deixou fragmentos de corpos ao longo do Parque Liaqat Bagh, onde Benazir discursou antes do atentado. A polícia isolou o local com fitas vermelhas e brancas, enquanto equipes de resgate transportavam as vítimas em ambulâncias.

Nawaz Sharif, também ex-primeiro ministro e oposicionista, compareceu ao hospital e dirigiu-se a partidários de Benazir na porta do prédio: ''Asseguro que a partir de agora vou combater na guerra de vocês''.  Ele disse que compartilhava do luto ''de toda a nação''.

Crise que se agrava

O assassinato tende a aprofundar a crise política no Paquistão. Benazir e outros expoentes da oposição vinham acusando Musharraf (um general do exército que chegou ao pode em 1999 por meio de um golpe militar) de planejar a manipulação dos resultados das eleições parlamentares marcadas para 8 de janeiro.

Benazir Bhutto esteve por duas vezes à frente do governo do Paquistão entre 1988 e 1996. Depois do golpe de 1999 exilou-se em Londres, de onde retornou em 18 de outubro deste ano. A concentração para recepcioná-la também foi alvo de um ataque suicida, que matou mais de 140 pessoas e por pouco não a vitimou. Ela era filha de Zulfikar Ali Bhuto, fundador do Partido do Povo e também ex-primeiro ministro, enforcado em 1971 na sequência de outro golpe militar.

A crise política divide o país de 140 milhões de habitantes em três campos hostis entre si: os partidários do general Musharraf, que manobram para manter seu regime; a oposição laica, de Benazir e Sharif; e os partidários da Liga Muçulmana.

Da redação, com agências