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Enviado brasileiro vê libertação na Colômbia como ''1º passo''

Antes de viajar a Caracas, e em seguida à Colômbia, onde observará a libertação de três prisioneiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Gar

“Se a operação amanhã (sexta-feira, 28) for exitosa, tem tudo para ser exitosa, tenho a impressão de que o próximo passo é a libertação da Ingrid e de outras pessoas que estão presas lá [na Colômbia]”, disse Garcia ao embarcar em  um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) na Base Aérea de Brasília. Ele integrará o grupo que testemunhará a operação de entrega dos prisioneiros, coordenada pelo governo de Hugo Chávez.

Elogio à ''inteligência'' de Uribe

O grupo tem como integrante mais conhecido o ex-presidente da Argentina, Néstor Kirchner, que concluiu seu mandato no dia 10. Participam ainda representantes dos governos do Equador, Cuba, Bolívia e França.

A operação, montada a partir de um oferecimento das Farc, teve a autorização do presidente colombiano, Álvaro Uribe. Três semanas antes Uribe desautorizara os serviços de mediador de Chávez. Na época, alegou que a participação de Chávez punha em risco a segurança democrática da Colômbia e acusou o presidente venezuelano de manter contato direto com membros das Farc. Agora, porém, as autoridades colombianas aceitaram a presença do grupo no país, desde que em aviões com a insígnia da Cruz Vermelha Internacional.

Marco Aurélio avaliou que esta foi uma decisão acertada do presidente da Colômbia. “Acho que foi uma atitude de inteligência política do governo colombiano, que passou por cima de divergências que teve recentemente”, disse o representante brasileiro. “Espero que isso possa se transformar em um ponto de reconciliação entre os dois governos”, acrescentou. Antes de viajar, ele reuniu-se com Lula no Palácio da Alvorada.

O ''caminho da paz'' após 60 anos de luta?

“Quem sabe se chegarmos a contento nesse programa humanitário de libertação de reféns, talvez possa se abrir caminho para a paz na Colômbia, que é uma coisa desejada por todos”, disse ainda o assessor brasileiro. A Colômbia vive em estado de luta armada desde os anos 40 do século passado; as Farc, maior organização guerrilheira do país, vêm de completar seu 40º aniversário.

A formação guerrilheira mantém em seu poder cerca de 50 pessoas, das quais a mais famosa é Ingrid Betancourt, ex-candidata presidencial colombiana (em 2002, pelo Partido Verde). Nesta sexta-feira, a guerrilha deve entregar a Chávez a vice na chapa de Ingrid, Clara Rojas,  o filho dela, Emmanuel, de três anos, que nasceu no cativeiro, e a ex-deputada Consuelo Gonzáles.

Marco Aurélio Garcia explicou que o papel dele e dos demais observadores internacionais é ser “uma garantia” da operação. Destacou que o governo brasileiro já vinha, em conversas reservadas, participando da discussão, inclusive colocando-se à disposição como mediador. “Não estamos sendo convidados de última hora. Estamos há muito tempo desenvolvendo discretamente iniciativas para que se chegasse à essa solução”, ressaltou.

Local da libertação é segredo

O vôo até Caracas deve durar cinco horas. Da capital venezuelana, de acordo com o assessor, o grupo será transferido para uma base, já perto da fronteira com a Colômbia. De lá, serão levados de helicóptero para o local da libertação, em território colombiano.

O local é mantido em sigilo. Chávez adiantou nesta quarta-feira  (26) que os reféns devem ser entregues perto do ponto proposto pelas Farc, a cidade de Villavicencio, no estado colombiano de Meta, no centro do país. No entanto, acrescentou que aviões e helicópteros venezuelanos estão a postos em vários aeroportos do país e que nem os seus pilotos sabem ao certo o destino da missão.

Depois de trocar palavras ásperas com Uribe, Chávez mostrou-se contido na coletiva de quarta. A libertação dos três prisioneiros o coloca no papel de mediador internacional, em busca de um intercâmbio humanitário de prisioneiros entre o governo e a guerrilha no país vizinho. Granjeia para ele as simpatias da opinião pública e dos familiares dos detidos, enquanto Uribe arca com a responsabilidade por quase ter posto tudo a perder.

Questionado se estaria com “frio na barriga” de entrar na mata onde, possivelmente, os reféns devem ser entregues, Marco Aurélio Garcia respondeu: “Não deu medo ainda. Tenho a barriga grande. Não deu para sentir frio ainda”. O diplomata Hélio Cardoso deve acompanhar o assessor presidencial.

Da redação, com agências