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EUA: ''caucus'' de Iowa dão a partida na incerta sucessão de Bush

A cinco dias do início do processo de seleção dos candidatos democrata e republicano na eleição presidencial de novembro de 1008, reina a maior incerteza em ambos os partidos. Os democratas vivem uma difícil escolha: tentar determinar quem, entre uma

Nos EUA a designação dos candidatos é feita estado por estado. Aquele que abre as hostilidades é Iowa, em 3 de janeiro. Esse estado rural do Meio-Oeste adotou um sistema de ''caucus'': os eleitores devem se apresentar todos no mesmo momento para votar, e não a qualquer hora do dia, como é o caso nas primárias. Este imperativo torna as previsões extremamente aleatórias, pois a mobilização dos eleitores depende de circunstâncias como a metereologia (segundo os especialistas, vai nevar dia 1º mas deve haver céu claro dia 3).

Este ano o dia do ''caucus'' cai durante as férias escolares, quando Obama confia muito na mobilização dos estudantes. ''Se Obama não ganhar, é porque não terá conseguido atrair a categoria que escolheu, os jovens, que participarão do 'caucus' pela primeira vez'', explica Ann Seltzer, responsável por pesquisas do diário de Iowa, o Des Moines Registrer.

Cada partido realiza 1.784 ''caucus'' (um por colégio eleitoral). Durante as reuniões, os eleitores apresentam moções em favor de postulantes e discutem a escolha. Os republicanos votam simplesmente erguendo as mãos. Já os democratas adotaram uma particularidade que torna o processo ainda mais complexo (alguns dizem não-democrático): para se manter no páreo, um cadidato deve obter 15% dos votos; caso não os obtenha, tem 30 minutos para transferir seus votos a um outro concorrente.

No atual estágio, essas tratativas são bastante obscuras. Se é possível pensar que os eleitores do senador por Delaware Joseph Binden se inclinarão para Hillary, as escolhas dos partidários do governador do Novo México, Bill Richardson, por exemplo, não estão claras. Sem contar que os votantes também se decidem em função de questões mais locais.

''Desesperança''

Nestes contexto, os institutos de pesquisa põem em destaque sobretudo as margens de erro. As últimas sondagens mostram um páreo muito duro entre a senadora por Nova York e antiga 'first lady'' Hillary Clinton, o senador por Illinois Barak Obama e o antigo advogado criminalista convertido em defensor dos pobres John Edwards, que concentrou toda a sua campanha em Iowa. Os três obtêm respectivamente 29%, 26% e 25%, com uma margem de erro de 4 pontos, segundo uma pesquisa Blooomberg-LA Times.

Para Anne Selzer, os democratas estão angustiados. ''Eles não querem se enganar. Querem estar seguros de que seu candidato pode ganhar a presidência e ser eficiente na Casa Branca''.

Hillary espera tirar proveito do retorno da política externa à campanha, com o assassinado, na quinta-feira, da ex-primeira ministra paquistanesa Benazir Bhutto. Obama, que escorregou a respeito do Paquistão em agosto, teve de defender seu braço-direito, David Axelrod, que conseguiu colocar numa mesma frase o atentado contra Benazir e o voto de Hillary Clinton sobre o Iraque.

Em uma mensagem intitulada ''Desesperança'', Obama convida seus partidários a doar dinheiro para defender sua candidatura face ao estabilishment. ''Washington contra-ataca com tudo que pode, publicidade negativa, insultos, desonestidade, milhoes de dólares de grupos externos e doadores anônimos, para tentar nos deixar no meio do caminho''. A campanha de Obama já gastou US$ 8 milhões no estado, ou seja, três vezes mais que John Kerry, o candidato democrata escolhido em Iowa em 2004.

Do lado republicano, as pesquisas dão uma vantagem mais nítida a Mike Huckabee, ex-governador de Arkansas e pastor batista, que supera em cerca de 10 pontos o seu principal rival, Mitt Romney. Romney, que era o favorito, agora se vê obrigado a fazer propaganda contra Huckabee e contra John McCain. Mas o pastor também pode penar com a irrupção do Paquistão na campanha. Depois de ter solicitado que o estado de emergência tivesse fim em Islamabad — o que já acontecera há duas semanas –, ele viu na situação paquistanesa uma razão suplementar para erguer na fronteira mexicana um muro contra a imigração ilegal, o que não foi visto como um demonstrativo de sutileza.

Fonte, Le Monde