Gaza vive em condição aberrante, diz comissária da ONU
Israel deve colocar fim às restrições para a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, ajudando a melhorar as “condições aberrantes” em que se encontram os habitantes da região, disse hoje Louise Arbour, comissária para direitos humanos da Organiz
Publicado 23/01/2008 20:50
“A população de 1,4 milhão de pessoas em Gaza vive em condições aberrantes”, disse a comissária em um encontro de emergência de 47 membros do Conselho de Direitos Humanos da ONU, convocado por Síria e Paquistão, e apoiado por outros 20 países. Israel impediu a circulação da maioria dos bens e pessoas entre a fronteiras de Gaza há uma semana, em resposta ao lançamento de foguetes em seu territórios por militantes palestinos.
O primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), Salam Fayyad, também afirmou hoje que a situação em Gaza é “muito perigosa” e pediu a abertura de todas as passagens fronteiriças, fechadas por Israel.
“Não se pode manter a situação de Gaza, não se pode manter o sofrimento das pessoas nem condená-las a viver abaixo dos mínimos”, afirmou, depois de se reunir em Berlim com o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Frank-Walter Steinmeier.
Fayyad destacou que a abertura das passagens fronteiriças de Gaza não só é «necessária e urgente», mas deve ser feita oficialmente e no âmbito dos “esforços que devem ser realizados em conjunto para assegurar que o processo de paz dê resultados”.
“A situação em Gaza é muito perigosa. Manter 1,5 milhões de pessoas nas actuais condições só pode gerar mais violência”, disse.
“Melhorar as condições de vida nos territórios palestinianos é melhorar as condições de segurança, é prevenir violência e ganhar em credibilidade”, salientou, por sua vez, o ministro alemão, que destacou a visita de Fayyad com uma iniciativa intitulada “Futuro para a Palestina”.
Condenação na ONU
O bloqueio foi levemente levantado ontem quando Israel transferiu combustível para que a única usina de Gaza voltasse a funcionar. Desta forma, Israel tenta disfarçar para a opinião pública internacional a ação de verdadeiro terrorismo de estado que promove contra o povo palestino. Países árabes e muçulmanos propuseram uma resolução condenando a ação militar israelense em Gaza e na Cisjordânia, pedindo o fim do bloqueio e ação internacional para proteger civis palestinos.
Autoridades chinesas, russas e européias pediram que os dois lados parem com a violência e esperam que as restrições à entrada humanitária sejam suspensas. Diplomatas americanos e israelenses não participaram da sessão de emergência do conselho – a quarta para discutir a situação de Israel desde que ele foi criado, há dois anos. A reunião foi adiada para amanhã, quando os membros do conselho devem votar a resolução proposta, condenando Israel.
Não-alinhados também condenam Israel
Na quarta-feira (22), o Movimento dos Países Não-Alinhados já havia condenado, no Conselho de Segurança, os ataques de Israel contra a população civil palestina na Faixa de Gaza, fundamentalmente o mais recente deles, que deixou um saldo de 19 óbitos e 50 feridos.
O embaixador cubano Isidoro Malmierca, presidente do Bureau de Coordenação dos Países Não-Alinhados, falou na reunião de emergência a pedido deste Movimento, da Liga de Estados Árabes e da Organização da Conferência Islâmica.”Esta situação suscita grande preocupação no Movimento dos Países Não-Alinhados, uma vez que tais ações ilegais por parte de Israel provocaram a morte de mais de 150 civis palestinos, inclusive, de crianças e mulheres, no último mês meio”, manifestou o diplomata.
Além disso, ressaltou que a escalada violenta de Israel constitui uma grave violação do direito internacional, inclusive, do direito internacional humanitário e o referente aos direitos humanos, e exacerba o ciclo de violência.
O embaixador sublinhou que tais agressões põem em perigo a paz e a segurança internacionais, bem como o fraco processo de paz entre ambos os países.
Em sua intervenção no organismo da ONU, o presidente do Bureau de Coordenação dos Países Não-Alinhados assinalou que ações desse tipo agravam a lamentável situação humanitária na Faixa de Gaza.
“A população civil de Gaza continua submetida a uma cruel ocupação”, expressou Malmierca.
Também se referiu ao acirramento do bloqueio aos territórios palestinos ocupados, a ponto de impedir a entrega de alimentos à população desde 18 de janeiro passado.
Acrescentou que Israel insiste na redução dos fornecimentos de combustíveis à Faixa de Gaza, eliminando o fornecimento usina principal, em 20 de janeiro passado.
Malmierca fez um apelo para o Conselho de Segurança exortar Israel a suspender o bloqueio para permitir o acesso de alimentos e remédios.
Devem tomar-se medidas urgentes para garantir a entrada de provisões essenciais, bem como o restabelecimento do fornecimento de combustível na Faixa de Gaza, destacou.
O Movimento dos Países Não-Alinhados exortam a comunidade internacional, especialmente o Conselho de Segurança a cumprir suas responsabilidades, exortando Israel ao cessar imediato das violações e a acatar suas obrigações internacionais.
Da redação,
com agências