Técnicos da UFBA apontam causas do acidente na Fonte Nova
A falta de manutenção preventiva na estrutura da arquibancada e falhas na excecução do projeto são as causas mais relevantes do acidente ocorrido em novembro de 2007 no Estádio Octávio Mangabeira (Fonte Nova). A conclusão é do laudo técnico realizado pela
Publicado 28/01/2008 10:34 | Editado 04/03/2020 16:21
O secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte, Nilton Vasconcelos, disse que o laudo da UFBA levantou problemas já apontados em outras análises. “A análise da universidade vai integrar o relatório da sindicância aberta pela Setre, podendo ser encaminhada, sempre que houver solicitação, para a Justiça e para o Ministério Público”, destacou. De acordo com Vasconcelos, o pedido de um laudo à universidade foi feito poucos dias após o acidente. O secretário disse que esse tipo de estudo é muito importante e deve ser feito de forma regular e sistemática em outras construções, como viadutos.
O laudo foi elaborado pelos professores Luís Edmundo Prado de Campos (também diretor da Escola Politécnica), Adailton de Oliveira Gomes e Tatiana Dumêt. As principais conclusões foram divulgadas nesta sexta-feira (25). Segundo Tatiana Dumêt, o local do acidente sofria com o acúmulo de água e a oxidação, diminuindo a resistência da armadura. “Praticamente não havia mais ligação de concreto na estrutura entre a laje e a viga, ou seja, no encosto. Daí, a ruptura”, explicou.
O estudo cita ainda que o estádio sofreu alterações em sua utilização durante os 55 anos de funcionamento. Segundo a concepção, a Fonte Nova abrigaria uma platéia estática, mas ao longo do tempo o perfil e o comportamento da torcida mudaram, com a presença de pessoas pulando sobre a arquibancada durante os jogos, comprometendo a estrutura de concreto armado.
“Devemos lembrar que o fenômeno das torcidas surgiu somente na década de 80”, disse a professora. Isso significa que, de acordo com as normas de 1960, o local foi construído para suportar uma carga estática. “O padrão atual prevê uma análise dinâmica da estrutura, que deve ser capaz de suportar a vibração da torcida”, explicou.
Concepção do projeto
A análise da UFBA aponta que não houve falha na concepção do projeto original, considerado adequado para os padrões e normas da época. As técnicas mais modernas de engenharia, porém, recomendam outros parâmetros para a construção de estádios. As falhas existentes foram de execução, percebidas na espessura da laje e na camada de concreto que envolve a armadura de ferro. No local do acidente, em vez dos sete centímetros previstos no projeto, a camada de concreto tem apenas três centímetros. “Isso significa que a espessura da laje era insuficiente e não estava de acordo com o projeto inicial”, observou Tatiana.
O objetivo do estudou foi avaliar o estado da estrutura de concreto armado do local onde aconteceu o acidente, através de ensaios e simulações em computador e apontar as prováveis causas da ruptura do concreto. O estudo levou em conta também informações obtidas na Superintendência de Desportos do Estado da Bahia (Sudesb) e coletas de dados verificados em quatro visitas ao local do acidente, nas quais amostras da estrutura foram recolhidas. O vice-reitor da UFBA, Francisco Mesquita, esteve presente na entrevista coletiva convocada para apresentação do laudo.
Fonte: Ascom Setre