Encontro de gerações no lançamento do livro histórico do CACO na UFRJ

O lançamento do livro CACO: 90 anos de história promoveu um grande encontro de gerações, no dia 13, na Faculdade Nacional de Direito (UFRJ). A publicação traz à tona personagens que participaram ativamente do Centro Acadêmico. Entre eles, Evaristo de Mora

''É uma noite de emoção'', definiu a diretora da FND/UFRJ, Juliana Neuenschwander Magalhães, sobre a concorrida cerimônia.  ''Esse livro é um exemplo para os novos alunos, principalmente, para aqueles que entram no curso com uma visão pragmática, pensando apenas em suas carreiras e esquecendo a dimensão de idealismo do Direito. O Caco é um símbolo máximo deste sentimento de busca pelas mudanças''.



O apresentador do programa de tv Direito em Debate, José Fernandes Júnior, acredita que quem convive e passa pelos ''umbrais'' da faculdade nunca mais a esquece. “É como se fosse um carimbo que a gente ganha na alma, um sentimento que transcende explicações racionais'', comentou Fernandes, um dos entrevistados do livro, surpreendido com o grande público e a movimentação estudantil em torno desse projeto. “É maravilhoso perceber que ainda há vida inteligente, ainda mais quando a gente constata que há 60 milhões de brasileiros, votando para eleger ou eliminar alguém dentro de uma casa inútil''.



O estudante da capa



É José Fernandes, o estudante que aparece na capa da publicação, discursando em 31 de março de 1987 num enterro simbólico do Golpe Militar de 1964. A fotografia foi utilizada na montagem realizada pela servidora Márcia Carnaval, responsável pelo elogiado projeto gráfico do livro, produzido pela Coordenadoria de Comunicação (UFRJ) a partir das entrevistas realizadas pelos próprios alunos da FND.



Representando o reitor Aloísio Teixeira, o prefeito da UFRJ, Hélio de Mattos Alves, destacou a pluralidade das visões políticas da obra, tanto a esquerda quanto a direita, e a singularidade dos eventos do CACO. ''Isto sempre me chamou atenção na universidade. Quando olho para o público vejo várias gerações: dos jovens engravatados aos senhores de cabelos brancos''.



O vereador do Rio Roberto Monteiro (PCdoB) classificou o livro como um marco e elogiou a sensibilidade da UFRJ e dos alunos do CACO pelo resgate histórico. ''Este trabalho, sobre uma escola de excelência na formação dos quadros políticos deste país, representa um passo fundamental para se elevar o debate público das questões nacionais e servirá como inspiração tanto para o presente quanto para o futuro'', discursou o parlamentar.



Entre os mais homenageados, Ivan Proença recordou o dia do Golpe de 64, quando no comando da Guarda do Ministério do Exército evitou o iminente massacre de jovens do CACO por policiais. ''Aquela mentira nacional pra mim, aconteceu mesmo no dia primeiro de abril'', pontuou o presidente de honra do CACO, que por seu gesto foi preso e perseguido durante a ditadura. ''Até hoje não tive anistia. O processo começou em 2002, mas até hoje nada. Por humor negro, na comissão que analisa o meu caso há militares ligados às forças militares conservadoras. Será que isto é direito?'', questionou Proença, que avisou que é proibido perder a esperança. ''Se a Língua Portuguesa me permitir, peço licença para conjugar o verbo esperançar: eu esperanço, tu esperanças, nós esperançamos…''.


 


Fonte: UFRJ