Cartões: ministro do CGU denuncia 'escandalização do nada'
“O folclórico, o pitoresco sempre chama a atenção. Se fala em uma farra, mas é uma escandalização do nada”, afirmou o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage. O ministro classificou como um falso escândalo as denúncias de irregularid
Publicado 19/03/2008 14:56
Hage afirmou que o volume com gastos nos cartões é muito pequeno perto do montante total gasto pelo governo. Números apresentados pela CGU mostram que os gastos com cartões e com as contas tipo B, nas quais se utiliza cheque, representam apenas 0,02% do total gasto pelo governo. Em 2007, esses gastos foram de R$ 177 milhões.
O ministro disse que por esse motivo a fiscalização é apenas por uma pequena amostragem. “Tanto o TCU [Tribunal de Contas da União] como a CGU tem mais R$ 650 bilhões para fiscalizar”, afirmou.
Mídia golpista
O ministro também afirmou que a imprensa noticiou denúncias que, quando foram checadas pela CGU, não se comprovaram. Segundo a CGU, das 102 irregularidades apontadas, apenas 4 não foram justificadas pelo órgão responsável. Outros 28 casos estão em apuração e o restante foi considerado legal pela CGU.
Sobre irregularidades encontradas no uso de cartões corporativos por ministros, Hage informou que o ministro da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, Altemir Gregolin, devolveu ao Tesouro R$ 512,00, embora devesse retornar apenas a metade. A necessidade do pagamento ocorreu por Gregolim ter pagado refeições para terceiros.
Já a ex-ministra Matilde Ribeiro, da Secretatia Especial de Política da Promoção da Igualdade, teve que devolver aos cofres públicos o total de R$ 2.815,00. A CGU deu prazo de 30 dias para que Matilde justifique o gasto de outros R$ 19 mil. Esse montante também poderá ter que ser devolvido.
Hage informou que a auditoria sobre os gastos do ministro do Esporte, Orlando Silva, ainda não foi concluída. O ministro atribuiu a um preconceito as críticas feitas a Orlando Silva, por se referirem à compra de uma tapioca, uma comida nordestina. “Se tivesse sido um sanduíche do McDonalds, pago no Rio ou em São Paulo, não teria tanto apelo quanto teve por ter sido tapioca”, comparou Hage.
O ministro informou que o erro do pagamento da tapioca com cartão foi que se deu em Brasília e o cartão corporativo não poderia ter sido usado para pagar alimentação na capital, mas apenas em viagem.
Tucanos
Depois de ser forçada a responder as declarações do senador Álvaro Dias (PSD-PR), que a comissão era uma farsa, a presidente da CPI dos Cartões, Marisa Serrano (PSDB-MS), afirmou que poderá deixar o cargo. A senadora afirmou que a comissão ''está caminhando dentro do cronograma'', mas que, se os líderes dos partidos de oposição acreditarem que não há como avançar com as investigações, ''vai entregar a presidência da comissão''.
O objetivo da oposição é esvaziar a comissão. O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), denunciou, nesta terça-feira (18) que “o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) quer abortar a CPI. Quer terminar antes da hora porque ele sabe que, se essa CPI se mantiver, muitas contas do governo Fernando Henrique serão auditadas”.
O senador Alvaro Dias, para justificar o seu ataque a companheira de partido, externou um voto de confiança ao trabalho da presidente do colegiado e destacou que nunca a responsabilizou nas críticas que fez a procedimentos da comissão. Alvaro Dias garantiu, porém, que não deixará de criticar a atitude de parlamentares governistas na CPI.
De Brasília
Alberto Marques
Com Agências