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Opinião: a formação em ano eleitoral

O trabalho de formação teórica e ideológico estendido a toda militância deve ser ainda mais intenso em anos eleitorais. Não há contra-senso com as outras inúmeras tarefas que se impõem com maior relevo nesse período, tais como as atividades de finanças

No último seminário eleitoral (o terceiro) realizado pelo PCdoB em Minas Gerais neste último final de semana (15 e 16/03), representantes de mais de 60 municípios compareceram com a disposição de se prepararem para essa maratona que se avizinha. Entretanto, ainda é necessária uma maior consciência de todo coletivo partidário para não subestimar a formação sem prejuízo aos outros afazeres. Não basta somente valorizar a formação na retórica. Faz falta reconhecer sua importância na prática e aplicá-la em forma de cursos, seminários, estímulo ao estudo individual etc. Sobretudo os mais renomados cientistas e demais acadêmicos amiúde estão se reciclando em seminários, congressos, colóquios, encontros de área e outras atividades afins. Acaso estamos em situação diferente?


 


O fato é que ainda existe muita resistência em dispor de tempo para oferecer atividades de formação mais extensas e intensas no estudo daquilo que em essência é o que diferencia nosso partido dos demais: a teoria marxista.


 


Decerto, a formação é um dos trabalhos que mais exigem persistência e sua aplicação deve levar em conta também a insistência em se adotar as várias boas idéias que sempre aparecem.


 


No caso de Minas Gerais, o Curso Básico em Vídeo pretende atingir a maioria dos aproximadamente 1.200 candidatos. Mas como atingir esse objetivo se não houver o entendimento comum de seu mérito? Apenas constar em uma resolução política não garantirá sua efetiva concretização.


 


Até agora, cerca de 200 pessoas já participaram do curso que foi realizado em Montes Claros, Juiz de Fora, Ribeirão das Neves, Contagem e Betim, almejando a formação de monitores que serão imprescindíveis na reprodução dessa atividade nos 25 municípios destacados como estratégicos pelo Comitê Estadual, além dos 60 maiores. Formar um exército permanente com a missão de capacitar milhares exige mantê-lo sempre na ativa. Pouco adiantará formar esse exército se for para deixá-lo desmobilizado. Assim, a ação indutora parte da Comissão Estadual de Formação que convoca os municípios a agendarem essa e outras atividades de formação para a partir daí destacar um desses soldados formadores para o campo da batalha teórica .


 


Nesse sentido, alguns combatentes já estão preparados para desembarcarem nos próximos finais de semana nas cidades de Divinópolis, Conceição do Mato Dentro, Diamantina, Além Paraíba, Barbacena, Corinto e Ouro Branco, onde já está agendado CBVs. Batalhão em forma, mantido sempre em movimento, para dar conta de uma demanda que necessariamente precisa ser constantemente emulada.


 


E se para toda essa demanda apenas um exército permanente for insuficiente,  não devemos hesitar em lançar mão de uma “tropa de elite” ou um pelotão destacado para formar também os quadros partidários que já passaram pelo CBV ou outros cursos mais fundamentais. No feriado do dia 21 de abril todos vão suar a camisa e serão mobilizados para o Curso Estadual para Quadros (nível 2) que terá duração de cinco dias com início no dia 17.



 
A Comissão de Formação em tempos eleitorais é como uma força-tarefa em períodos especiais. Uma brigada sempre vigilante e disposta a remar contra a maré, no combate diário contra um sistema alienante e avesso à ciência mais avançada de nosso tempo.


 


Exemplo ceifado
No último Curso Básico em Vídeo, realizado em Juiz de Fora, dia 9, o mais animado dos alunos era o vereador Paulo Rogério (foto), prestes a completar então seus 54 anos de vida. O CBV foi realizado num domingo na Câmara Municipal, seis dias antes do trágico acidente que ceifou sua vida, e mereceu uma intervenção especial sua. Paulo Rogério morreu a caminho de mais uma tarefa partidária, para a qual mostrava tanta animação.


 


Em Viçosa, sempre tivemos relações muito próximas com Juiz de Fora, tanto pela questão geográfica como pelo fato de ser também uma cidade universitária com forte presença no movimento estudantil. Uma geração inteira se formou ali tendo como referência o nosso vereador (pois o sentimento era de que esse mandato no pertencia também).


 


As vitórias eleitorais de Paulo Rogério sempre foram muito comemoradas também por nossa militância, que extraia da cidade vizinha o exemplo e o ânimo necessários para construir um partido amplo, com firmeza ideológica e mandato popular enraizado na comunidade e nos movimentos populares.


 


A vida segue e que os familiares e amigos de Paulo Rogério consigam superar esse trauma o mais rápido possível. Ficam as boas lembranças.


 



*Luciano Rezende é secretário de Formação do PCdoB de Minas Gerais