Sem categoria

FDLP renova compromisso de unir palestinos

Embora a Frente Democrática para a Libertação da Palestina (FDLP) vislumbre como ainda distante uma solução satisfatória para a Faixa de Gaza, se nega a abandonar o sonho de criar uma coalição que abrigue todos os palestinos.

Os acontecimentos dos últimos 10 meses nesse território palestino, agora em poder do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), são vistos por Nayef Hawatmeh, secretário-general da FDLP, como obstáculos para a necessária unidade desse povo.



“Mesmo assim”, diz Hawatmeh em entrevista concedida à Agência Prensa Latina na cidade de Damasco, “continuamos as iniciativas para reconciliar todas as forças do movimento nacional palestino (MNP), tanto nos territórios ocupados como na diáspora”.



O veterano dirigente relembrou que, durante mais de 40 anos, a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), liderada pelo falecido Iasser Arafat, dirigiu uma resistência militar e política com o apoio de todas as tendências.



Reconhece, com pesar, que atualmente a unidade nacional palestina “está destruída” e as divisões se acentuaram, depois que o Hamas utilizou a força na Faixa de Gaza, em junho de 2007, e derrubou do poder a organização nacionalista liberal al-Fatá.



“Creio que uma solução ainda demorará bastante. O Hamas, que é um ramo muçulmano irmão, é a favor da criação de um Estado islâmico e deseja conservar seu controle na Faixa, não pensou em compartilhar o poder em uma coalizão de unidade nacional”, indicou.



Hawatmeh sublinhou que, contra a sua vontade, estima que terá vida curta o recente acordo assinado por Fatá e Hamas, sob o patrocínio do governo do Iemên.



“O acordo”, explicou, “pretende solucionar uma disputa territorial entre as duas organizações, mas não conclama pela ciração de uma coalizão entre todas as tendências do movimento de libertação palestino”.



“É óbvio que o Hamas não está pronto nem estará no futuro próximo para solucionar o problema com a Fatá, e com base nisso posso dizer, com tristeza, que a unidade palestina não será lograda nem nos próximos meses nem sequer este ano”, vaticinou.



Por essa razão, o FDLP considera válida toda iniciativa “progressista” para restaurar a situação em Gaza e impelir a unidade em um projeto político unido, que contemple o programa das três principais tendências dentro do MNP.



De acordo com o líder do FDLP, nos territórios ocupados predominam três correntes: a esquerda representada por eles, a nacionalista-liberal (al-Fatá) e a política islâmica (Hamas).



Na diáspora, entretanto, para a ala esquerda convergem a FDLP, a Frente Popular pela Libertação da Palestina (FPLP), o Partido do Povo Palestino (PPP, antigo Partido Comunista) e a al-Fatá, “pois o Hamas é muito fraco”, assegurou.



O MNP, explicou o fundador da FDLP, tem a missão de libertar os territórios ocupados por Israel, além de estabelecer um estado independente com Jerusalém Oriental como capital, e para isso Hawatmeh afirma ser indispensável aglutinar todas as tendências palestinas.



O seu trabalho é dirigido à população dos territórios ocupados, os acampamentos de refugiados e a diáspora, onde está 63% do povo palestino, segundo estimativas da FDLP.



A idéia é constituir uma “ampla frente patriótica”, que lute pela autodeterminação, o estado independente, o retorno dos refugiados e a restauração das fronteiras existentes até junho de 1967, quando houve a agressão israelense.



Em relação à celebração em Moscou de uma conferência internacional sobre o Oriente Médio, o líder da FDLP elogiou a proposta da Rússia com a mesma intensidade que fustigou a resposta de Israel e dos Estados Unidos, de que “não estão prontas as condições nem esse é o melhor momento”.



Telavive e Washington “alegaram que não há nada novo para discutir porque as negociações palestino-israelenses comprometidas em Annapolis (EUA, 2007) não chegaram a nenhum êxito real”.



Apesar de tudo, o dirigente pediu à Rússia que continue os esforços para celebrar essa reunião o quanto antes, “porque é necessário para que a situação no Oriente Médio evolua e as coisas mudem de uma vez por todas”, concluiu.