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Vale usa MST para abafar protestos de seus funcionários

Nesta quarta-feira (9), uma audiência pública em Parauapebas, no Pará, reuniu movimentos sociais do campo, garimpeiros funcionários da Vale e das empresas que a ela prestam serviços para denunciar crimes cometidos pela empresa na região. A Vale tentou esc

Em nota divulgada nesta quinta-feira (10), o MST esclarece que a audiência foi organizada pelo “acampamento montado às margens da Estrada de Ferro Carajás do Movimento dos Trabalhadores e Garimpeiros na Mineração (MTM), que fazem uma jornada de lutas em defesa dos direitos dos garimpeiros e contra a exploração imposta pela Vale”.


 


O MST informou ainda que “apóia as manifestações que denunciam a responsabilidade da Vale por suas ações criminosas e danos sociais, impostos às comunidades rurais que vivem em torno das suas instalações, aos garimpeiros e seus trabalhadores”.


 


Audiência  


 


Na audiência os funcionários da empresa afirmam que a mineradora, além de submeter trabalhadores a condições degradantes de trabalho, causar problemas sociais e ambientais, desafia também ordens judiciais.


 


Recentemente, funcionários da empresa moveram processos trabalhistas e ganharam na Justiça direito de indenização. A Vale, porém, sem qualquer repreensão das autoridades, nega-se a cumprir a ordem judicial. Outros processos trabalhistas nem se quer foram julgados.


 


Para a integrante da coordenação nacional do MST, Maria Raimunda, a audiência foi boa. “Houve uma adesão muito grande da sociedade de Parauapebas” observou.


 


Com a audiência, garantiu-se a constituição de uma agenda de debate e trabalho sobre as violações cometidas pela empresa.


 


Denúncias


 


Dentre outras denúncias apresentadas na audiência estava também a condição imposta pela Vale aos garimpeiros de Serra Pelada, que perderam o domínio do território para a mineradora. Por conta do monopólio exercido pela Vale, os garimpeiros vivem em condição de estrema miséria, habitando terrenos alagadiços, desprovidos de saneamento básico. e convivendo com infestações de ratos. Serra Pelada é hoje o local com maior índice de hanseníase do país.


 


Os garimpeiros estão em disputa pelo território e organizaram um acampamento às margens da Estrada de Ferro Carajás, que conta com 2 mil pessoas. O acampamento fica nas redondezas do assentamento Palmares 2.


 


Na quarta também, funcionários da Vale e de empresas que a ela prestam serviços fecharam a entrada da Mina de Carajás. Eles protestam pelo cumprimento das determinações impostas à Vale por meio das ações trabalhistas e por melhores condições de trabalho.


 


Por conta desta ação, a Vale providenciou um pedido de prisão preventiva para lideranças do MST e garimpeiros, a quem acusa pelo fechamento da entrada da Mina, num claro ato persecutório.


 


Veja abaixo a íntegra da nota do MST



Vale usa MST
 


1- O MST-PA esclarece que não realizou protesto contra a mineradora Vale nesta quarta-feira, como divulgou a empresa, nem participa da organização do acampamento montado às margens da Estrada de Ferro Carajás (EFC).
 


2 – O acampamento montado às margens da Estrada de Ferro Carajás é do Movimento dos Trabalhadores e Garimpeiros na Mineração (MTM), que fazem uma jornada de lutas em defesa dos direitos dos garimpeiros e contra a exploração imposta pela Vale.


 


3 – O fechamento da portaria que dá acesso à mina do grande projeto de exploração de ferro Carajás foi realizado por operários da Vale e das empresas terceirizadas prestadoras de serviço, que cobram melhores condições de trabalho da maior empresa privada da América Latina. A principal reivindicação é o pagamento da multa de R$ 109 milhões que a Vale deve pagar por danos morais aos operários das mais de 100 empresas terceirizadas, que prestam serviço à mineradora. A sentença foi dada pelo Juiz Federal da 8ª Vara do Trabalho de Parauapebas, Jhonathas Santos Andrade.
 


4 – A Vale atribuiu ao MST esses protestos para esconder da sociedade que diversos setores populares fazem manifestações contra a diretoria da mineradora e pela reestatização da empresa, que trabalha com recursos naturais que pertencem ao povo brasileiro.
 


5 – O MST apóia as manifestações que denunciam a responsabilidade da Vale por suas ações criminosas e danos sociais, impostos às comunidades rurais que vivem em torno das suas instalações, aos garimpeiros e seus trabalhadores. A Vale comete crimes ambientais e sociais, sendo a empresa campeã em multas do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). 
 


Coordenação Estadual MST-PA