PCdoB aponta responsabilidades na degradação do meio ambiente
No seminário que o PCdoB realiza para discutir meio ambiente e desenvolvimento, em Brasília, nesta quinta (10) e sexta-feira (11), o presidente do Partido, Renato Rabelo, destacou que essa discussão deve ocorrer dentro de um contexto mundial e da reali
Publicado 10/04/2008 18:18
O presidente do Instituto Maurício Grabois, Adalberto Monteiro, promotor do evento, disse que “todo partido político tem que dar resposta conseqüente, que é o que esse seminário pretende fazer, oferecer elementos e reflexões para ajudar o PCdoB e a esquerda a enfrentar a luta política que hoje se sobrevêm da degradação do meio ambiente”.
A crise ambiental no mundo exige enfrentamento, que deve considerar a causa dessa crise, que é o sistema econômico predominante – o sistema capitalista. A avaliação de Renato Rabelo é de que a produção em grande escala deve levar em conta a questão ambiental. Na avaliação dele, não se resolve o problema apenas com a conformação de um novo modelo econômico. “Existe uma série de especificidades, não basta a mudança dos meios e relações de produção”, alertou.
Ele chamou atenção para a velocidade com que a degradação do meio ambiente tem ocorrido. São mudanças profundas em tempo curto –1750 é o marco da aceleração do efeito estufa. “Dois séculos e meio é um tempo curto para mudanças tão bruscas. Os últimos cem anos a velocidade é ainda maior”, disse, lembrando que “o que está em jogo é a própria existência da humanidade, não a extinção de uma ou outra espécie”, sem esquecer também de dizer que os países pobres são os que perdem mais e, dentro dos países, os mais pobres são os que mais sofrem.
A responsabilidade da situação atual perpassa questões ideológicas e políticas, dentro de grandes interesses geo-políticos. “Os países capitalistas desenvolvidos, na luta de hegemonia entre eles, para conservar ou manter hegemonia, querem empurrar o problema para os países em desenvolvimento, colocando a crise como responsabilidade de todos, sem contar as diferenças, em que eles começaram antes e mais profundamente”, afirmou Rabelo, exemplificando com a situação em que os Estados Unidos – o maior poluidor – não assina o Tratado de Kyoto.
E enfatizou a situação do Brasil, que tem a maior biodiversidade, potencial de biomassas apreciável, posição privilegiada do biodiesel e 12 % das reservas de água doce do mundo. “A nossa responsabilidade é grande. O Brasil pode dar grande contribuição nessa luta de recuperação do planeta”, lembrando que também temos grandes problemas como o desmatamento.
Para o PCdoB, disse Rabelo, “a luta em defesa do meio ambiente não está separada e nem acima da luta do povo brasileiro por democracia, soberania e pelo desenvolvimento; e nem desligada da luta pelo socialismo – os nossos objetivos maiores”.
Mundo inseguro
A avaliação de Renato rabelo é de que “o mundo atual é inseguro, instável e imprevisível. E consideramos que é um mundo em transição, que caminha para realidade multipolar”. Ele aponta a perda relativa da hegemonia dos Estados Unidos como causa do surgimento de pólos dinâmicos que estão na periferia do mundo – Índia, China, Rússia, África do Sul e o Brasil.
“É preciso considerar hoje a perda de credibilidade do modelo dos Estados Unidos, que significa a crise da era neoliberal, que transcende os limites do fenômeno em si mesmo”, avalia ainda Rabelo.
Na análise do contexto mais local, ele destacou como pontos positivos o avanço da luta democrática na América Latina, onde uma série de governos democráticos e alguns de posição marcadamente antiimperialista vão conseguindo conquistas importantes. “Esse quadro nos permite vê onde estamos inseridos”.
Afunilando a sua avaliação, Renato Rabelo chega ao Brasil, em que o segundo governo Lula mostra avanço sobre o primeiro mandato, que foi marcado por reformas, algumas consideradas contra-reformas.
Na opinião de Rebelo, “o Governo Lula é pragmático e tem conseguido êxitos, situação estável econômica, relativa distribuição de renda, que alcança os mais pobres – um modelo que mescla política conservadora permeado de medidas contrárias a essa concepção neoliberal, que conquista a aprovação popular”.
Assunto central
Adalberto Monteiro, ao abrir o evento, disse que o temática do seminário adquiriu centralidade nesse início de século 21. “É pauta prioritária da ação política e da luta teórica, porque chegou-se ao paroxismo da lógica do capitalismo do lucro máximo em tempo recorde, resultando em ameaça ao nosso planeta”.
“O tema comparece nos meios científicos, nos parlamentos e na pauta dos partidos políticos, nos países capitalistas e nos países em persistem na luta pela construção do socialismo, como a China. No Brasil, que tem grande desafio de dar curso ao projeto de desenvolvimento, sobretudo porque o PIB brasileiro provém das riquezas naturais no nosso país, instala-se polêmicas e dilemas sobre essa questão”, explicou Adalberto.
De Brasília
Márcia Xavier