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Bush e Bento XVI: alinhados em relação a Iraque e Palestina

O Papa Bento XVI pediu nesta quarta-feira (16) que o presidente George W. Bush promova uma “diplomacia paciente para solucionar os conflitos” respeitando os direitos humanos, e “uma política de imigração coordenada” com a América Latina, em sua primeira v

Cerca de 9.000 convidados — um dos maiores públicos a assistir a um ato oficial na Casa Branca — lotaram o gramado da residência presidencial agitando bandeiras do Vaticano e dos Estados Unidos aos gritos de “Eviva il Papa!” que se misturaram com os hinos de ambos os Estados e um coro que cantou “Parabéns” para o pontífice, no dia do seu aniversário de 81 anos.



“Em um mundo em que alguns já não acreditam que podemos distinguir o verdadeiro do falso, precisamos de sua mensagem para rechaçar esta ditadura do relativismo e abraçar uma cultura da justiça e da verdade”, filosofou Bush, em meio à suntuosidade da recepção.



Nenhum dos dois líderes tocou diretamente em temas como a pena de morte, o caso de pedofilia na igreja católica americana, a ocupação do Iraque ou o uso da tortura como método aplicado pela CIA em interrogatórios.



Com a ocupação em seu sexto ano e com a retórica americana se tornando cada vez mais agressiva contra o Irã, o papa pediu apoio “aos esforços pacientes de diplomacia internacional para solucionar conflitos e promover o progresso”.



“Também evocaram a necessidade de lutar contra o terrorismo através de meios apropriados respeitando-se a pessoa humana e seus direitos”, indica o comunicado.



Bush e Bento XVI reafirmaram o objetivo de fazer com que israelenses e palestinos concordem com a criação de um Estado palestino independente e “pacífico”, nas bases preconizadas por Israel e Estados Unidos.



Expressaram “seu apoio mútuo à soberania e à independência do Líbano”, país em crise política, enquanto Bento XVI também fez referência à tentativa de reformar a a ONU para que seja “uma voz mais efetiva para as legítimas aspirações de todos os povos do mundo”, segundo o papa.



Com as eleições de novembro à vista, Bush aproveitou a oportunidade para pegar carona nas idéias do Vaticano que coincidem com os planos de seu partido republicano, como a oposição ao aborto e à pesquisa com células-tronco embrionárias.



“Em um mundo em que alguns tratam a vida como algo que pode ser descartado, precisamos de sua mensagem de que toda a vida humana é sagrada e de que cada um de nós é desejado, cada um é amado e cada um é necessário”, disse o presidente.



Mais tarde, após uma reunião no Salão Oval, Bento XVI também mostrou concordância com a política da administração Bush em relação à imigração.



“Uma política de imigração coordenada” com a América Latina, que leve em consideração principalmente “o tratamento humano” dos imigrantes e “o bem-estar de seus familiares” foi a forma como ambos abordaram o tema.



A grande maioria dos imigrantes nos Estados Unidos são de origem latino-americana católica.



A bordo do avião que o levou a Washington, Bento XVI também se referiu na terça-feira à questão mais delicada de sua visita, ao admitir que sente “profunda vergonha” pelos sacerdotes pedófilos envolvidos em escândalos nos Estados Unidos.



O Papa concluirá em Nova York sua visita de seis dias aos Estados Unidos. Nessa cidade pronunciará na sexta-feira um discurso nas Nações Unidas e visitará o local do ataque de 11 de setembro de 2001, onde estavam situadas as torres do World Trade Center.



Os Estados Unidos contam com 70 milhões de católicos, 25% de sua população. Bento XVI é o segundo papa a visitar a Casa Branca desde João Paulo II, recebido por Jimmy Carter em 1979, e sua visita é a nona de um papa aos Estados Unidos. Com esta nova viagem, os Estados Unidos são, junto com a Polônia, o país mais visitado pelos papas.