Auto-retratos de uma geração

''A minha visão tem um diferencial porque não é um olhar de fora, não é a visão de alguém mais velha que tem um conceito ou um pré-conceito sobre o que vê ou sobre o objeto da sua fotografia.'' Um recorte íntimo de uma geração sob os olhos de uma garota, que aos 20 anos, revela a estética de um olhar fotográfico de quem faz parte do meio. Um exercício artístico contemporâneo que vem delinear o jovem fortalezense através das lentes de Bárbara Cariry. ''A minha visão é a de quem vive, é a de quem participa, é a de quem está junto, alguém que partilha os mesmos sonhos, as mesmas dificuldades e incertezas do futuro.''

A jovem traz em sua exposição um trabalho sobre a diversidade, mas que busca uma unidade de uma geração que simboliza o futuro. Bárbara fotografa há quatro anos e já colhe os frutos de uma carreira iniciada tão cedo. Seu trabalho com fotografia começou com câmaras digitais nos bastidores de filmes que participou e atualmente já anuncia o desenvolvimento do novo projeto sobre infância, desta vez, com um equipamento analógico para uma produção em preto e branco.

Filha do cineasta e produtor Rosemberg Cariry, a menina sempre conviveu entre cineastas, músicos, escritores e fotógrafos. Sua infância foi regada de muita arte. ''Sempre me foi passado a idéia da importância do registro fotográfico como uma forma de guardar um instante, de criar arte e memória.''

A exposição é fruto da conquista de Bárbara no edital da Fundação de Cultura, Esporte e Turismo de Fortaleza – Funcet. É composta de 40 fotografias entre coloridas e preto e branco, tendo cada uma a dimensão de 50 x 40cm. Ela ficará no Centro Cultural Oboé por duas semanas. ''Um mostra bem representativa do universo que enfoquei''. Afirma Bárbara otimista com os rumos do seu trabalho. ''Depois da Oboé, a exposição deve ser mostrada em outras cidades, inclusive em Brasília, no mês de julho.''

Cinema

Na área de fotografia e audiovisual, o currículo de Bárbara já está bem recheado. Ela cursa Audiovisual e Novas Mídias na Universidade de Fortaleza – Unifor, e já participou de vários filmes em diferentes funções. Participou da assistência de direção do longa-metragem Siriará, dirigido por Rosemberg Cariry, e Quando o Vento Sopra, do irmão Petrus Cariry, filmes que estão em processo de finalização. Bárbara fez a fotografia de still dos filmes Capistrano no Quilo, de Firmino Holanda, e Aprenda a Nadar, de Salomão Santana. Além de também ter escrito o roteiro de dois curtas-metragens de Petrus Cariry – Uma Jangada Chamada Bruna e Reisado Miudim -, a fotógrafa também já atuou em Lua Cambará, filme de Rosemberg Cariry. Atualmente, confessa: ''Já estou rodando meu primeiro curta: Eis o Homem.''

O cinema e a fotografia são duas paixões de Bárbara. Ela diz que ''apesar de um estar ligado ao movimento e o outro estar ligado ao instante que se congela, que se eterniza, como recorte da realidade, os dois são formas de artes que traduzem um olhar sobre o mundo.''

O poeta e dramaturgo cearense Oswald Barroso define o trabalho de Bárbara como uma produção onde ela é cúmplice da realidade retratada. ''Corpos recostados, frestas, enquadramentos da mais pura beleza, detalhes adivinhados por um olhar ao mesmo tempo investigativo e cúmplice''.

A idéia de fazer o projeto Minha Geração foi algo que nasceu da própria convivência de Bárbara com os amigos. Em momentos de diversão e encontros casuais, começou a fotografá-los. Depois ela percebeu que a idéia podia ser ampliada para fotografar outros jovens de classes sociais distintas. Em seu trabalho, há uma marca intimista muito forte, ''já que muitas destas fotos eu fiz em reuniões na noite, em encontros caseiros, em momentos bem descontraídos''.

Minha Geração – Exposição de estréia da fotógrafa Bárbara Cariry. Abertura hoje, às 19h30, no Centro Cultural Oboé – anexo Praia de Iracema (Rua Almirante Barroso, 734). Permanece em cartaz por duas semanas. Informações: 3219 3114.

Fonte: O Povo