Luis Nassif: O novo mercado de combustíveis
Há cerca de dez anos, quando houve uma imensa crise no setor sucro-alcooleiro, houve um evento na Usina Santa Elisa, de Ribeirão Preto. Presentes, a diretoria do Bradesco, da usina e usineiros da região. Os Biagi, controladores da Usina, tinham sido es
Publicado 25/04/2008 11:03
O setor ainda não estava preparado para processos de fusão. Imperava ainda a visão patriarcal, de cada empresário tocar seu próprio negócio.
Ontem (24), dois lances selaram definitivamente a entrada do setor no mercado de energia, em sentido amplo.
Em um deles, a Cosan – o maior grupo sucro-alcooleiro, que tem origem na família Ometto – anunciou a compra da rede de distribuição da Exxon no Brasil por US$ 826 milhões.
No outro, a Tropical Bioenergia – joint venture do grupo Santa Elisa (escolhida Empresa do Ano pelas publicação Melhores e Maiores da Exame) e Grupo Maeda – informou ter vendido 50% de seu capital para a British Petroleum (BP) por US$ 100 milhões.
O que está acontecendo são os primeiros movimentos de uma mudança radical no mercado brasileiro de energia.
Até agora, a Petrobrás dominava toda a cadeia por dominar o mercado de refino. Passavam por ela o petróleo interno, o importado, o refino, a mistura com álcool, a produção de produtos petroquímicos.
Agora, o jogo se sofistica. De um lado, a nova civilização da bioenergia permite a criação de outros grupos controlando todo o processo produtivo. Estabelece-se uma competição maior no mercado interno. De outro, a própria Petrobrás já fincou o pé no setor e, somadas as novas descobertas de petróleo, caminha para ser das maiores do mundo.
A primeira vez que o álcool passou a gasolina foi no final dos anos 80. Mas tudo passava pelo Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA). Não havia garantia de pagamento, de liberação de recursos. E os usineiros eram meros plantadores de cana e produtores de álcool. Não tinham controle da comercialização. Agora o jogo é mais amplo, permitindo o aparecimento de novos grandes players no mercado.
A Cosan adquire a rede de 1.500 postos da Esso em 20 estados brasileiros. Respondem por 9% do etanol comercializado e 9,7% da gasolina comercializada, entre as redes filiadas ao Sinduscom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes)
E aí se cria um campo interessante para futuros acordos.
Com o crescimento do álcool, será vendida menos gasolina. Como as refinarias têm pouca flexibilidade para o craqueamento, para que houvesse um equilíbrio maior, teria que ser aumentada a produção de biodiese – programa que depende mais da Petrobrás.
Além disso, há um bom campo para melhorar as exportações de gasolina, que é a mistura de álcool para consolidar a imagem de gasolina verde.
Em suma, há um jogo de gente grande a ser jogado agora, permitindo ao país ter grandes players no mercado global de energia
Fonte: Blog do Nassif