Serra faz jogo de cena em jantar de ''apoio'' a Alckmin

O jantar organizado nesta quarta-feira (10) pelo Diretório Municipal do PSDB para celebrar os 20 anos da sigla e arrecadar fundos para a campanha do candidato tucano à Prefeitura de São Paulo, Geraldo Alckmin, não atingiu um de seus principais objetivo

O atraso de Serra provocou apreensão entre os tucanos que chegaram antes das 22 horas à sede do Jockey Club, no centro da capital paulista. Ele chegou tarde e saiu cedo. De bom humor, o governador paulista relembrou toda a história de seu partido, elogiou bastante FHC. Chamou-o de ''irmão mais velho'' e destacou que o ex-presidente ''semeou o Brasil do século 21''. Sobre o candidato da coligação ''São Paulo, na Melhor Direção'' (PSDB-PTB-PHS-PSL-PSDC), restou a Serra destacar sua atuação como governador.



''No meu governo não tenho os mesmos índices de aprovação que o Geraldo chegou a ter'', disse. Lembrou ainda a importância de evitar a volta de seus antecessores à Prefeitura, em referência direta à candidata petista Marta Suplicy, da coligação ''Uma Nova Atitude para São Paulo'' (PT-PCdoB-PDT-PTN-PRB-PSB). ''Nós recebemos São Paulo absolutamente falida. Acho que São Paulo avançou bastante e tem muito ainda a avançar'', afirmou. ''É uma campanha muito importante para delimitar lados. Temos que olhar para o futuro da cidade, para que não volte àquilo que a cidade teve durante tanto tempo.''



Serra se referiu indiretamente aos resultados das mais recentes pesquisas de intenção de voto, que mostram Alckmin em queda, tecnicamente empatado com o prefeito e candidato à reeleição pela coligação ''São Paulo no Rumo Certo'' (DEM-PR-PMDB-PRP-PV-PSC), Gilberto Kassab. ''Pesquisa a gente muda com a luta. Esta luta é que o Alckmin está travando com o nosso apoio e com o apoio do PSDB, por São Paulo.''



Ainda no discurso, Serra classificou a campanha como ''complexa, com condições que todos conhecem'' e recorreu a um livro de Rubem Fonseca para traduzir o atual momento delicado que vive nesta campanha: ''Vastas emoções, sentimentos imperfeitos''. O governador foi um dos primeiros a deixar o local, assim que terminaram os discursos. Saiu por uma porta dos fundos, sem falar com a imprensa. O jantar foi marcado também pela ausência dos chamados tucanos kassabistas, vetados pela cúpula do Diretório Municipal.



FHC: sem papas na língua


 


Já o ex-presidente Fernando Henrique pregou a adoção de uma linha de campanha mais agressiva. Sem indicar alvos, FHC exortou Alckmin a ser mais enfático. ''Tem que brigar e não tem que ter papas na língua. Dizer as coisas como são. Ladrão se chama de ladrão. Enganador é enganador. Se é falso, tem de dizer que é falso. Tem de dizer com sinceridade, com firmeza. Quando a gente fala, a população sente'', disse.



Mas não parece ter sido ouvido por Alckmin. Em vez de mirar o PT de Marta Suplicy, Alckmin preferiu listar algumas deficiências da atual gestão municipal, sem citar o nome de Kassab, que nos bastidores continua a receber o apoio do governador José Serra.



FHC afirmou que os tucanos não devem levar em consideração apenas a disputa municipal, mas o futuro. ''Nós vamos ganhar agora aqui. Mas nós precisamos ter em vista 2010.''



Falando para a militância, FHC estimulou os tucanos a não abrir mão de seu jeito de ser. ''Temos um certo estilo. Não vamos nos acafajestar. Não podemos imaginar que o Brasil é composto de uma escória.''



De acordo com fontes ligadas ao comando tucano de campanha, apesar da evidente falta de entusiasmo e empenho de Serra em relação à campanha de Alckmin, o jantar de ontem pelo menos alcançou a meta financeira – foram vendidos 400 convites, ao preço de R$ 1 mil cada, dentro da meta prevista, importante para uma campanha que reclama de falta de recursos.


 


Da redação,
com informações da Agência Estado