David Aragão – Wanfil e Bruno Pontes: o modo Diogo Mainardi de ser

Os novos porta-vozes do pensamento reacionário na blogosfera da província

O vitupério, o sarcasmo, a intriga, a polêmica, a zombaria, o ataque maledicente, o golpe abaixo da linha de cintura ou a mordida na orelha, ser do contra por ser do contra. Essa fórmula sempre fez sucesso. Que o digam os colunistas de sociedade e os tablóides sobre os famosos. Até as vizinhas tricoteiras fazendo fofoca na porta da igreja sabem disso.


 


Entre os jornalistas brasileiros já conhecíamos esta tática suja através dos textos do articulista político da Revista Veja, Diogo Mainardi, tornado célebre pelos constantes e incansáveis ataques ao Governo Lula e à esquerda de todo o mundo. Quanto mais recrudescia o ódio dos progressistas contra Mainardi, expresso em textos e mais textos na internet, blogs, comunidades contra ele no Orkut, mais aumentava a popularidade e o salário dele na Veja. Hoje o lobista de Daniel Dantas chegou ao seu ápice, não sabemos o que ele fará depois de Lula, provavelmente vai tentar lançar seus dardos venenosos em outros alvos.


 


Pois não é que dois peralvilhos chamados Wanfil (Wanderley Filho) e Bruno Pontes, literatelhos da nossa querida província Siriará, resolveram enveredar pelo mesmo caminho, em busca dos lauréis da glória fácil que o modo Diogo Mainardi de ser promete. Vou ajudá-los involuntariamente. Não queria mesmo estar escrevendo este texto, eles merecem continuar no ostracismo, suas idéias fascistóides não deveriam receber nenhum minuto de minha atenção, porque sei que falar mal deles acaba, de certa forma, contribuindo para a divulgação do trabalho de contra-propaganda direitista que desenvolvem, em sua tentativa desesperada de auto-promoção rumo ao renome no meio jornalístico. Quem foi mesmo que disse aquela frase, ''Falem bem, falem mal, mas falem de mim''? Funcionou com o Mainardi, não é? Oxalá não funcione com eles.


 


Os dois são integrantes do pequeno grupo de ''ideólogos e intelectuais'' (faz-me rir!) de direita mais promissores da mídia cearense. Suponho que a teoria destes mercenários da palavra seja: proferir os mais absurdos e ferinos petardos e os mais tresloucados impropérios contra tudo e contra todos que tenham qualquer ligação com a esquerda, na esperança de acabarem sendo notados. Temo até que um dia eles ofendam os brios de um cearense à moda antiga, um sertanejo brabo, o risco de morrer de tiro ou peixeira então seria certo, tal é a baixeza da argumentação que costumam usar. Mas isso seria uma desgraça ainda maior, do jeito que anda o desconcerto do mundo eles acabariam virando mártires da liberdade de opinião, heróis do jornalismo livre.


 


O Wanfil, formado em História e atualmente acadêmico de jornalismo (não informa onde cursou história, nem onde estuda jornalismo), nas últimas postagens de seu blog acusa a Revista Carta Capital de fazer matéria sob encomenda e louva a Revista Veja por seu jornalismo transparente e isento na cobertura do ''grande escândalo'' da saída do ator Fábio Assunção da Novela das 6 na Globo, ataca a Bienal do Livro por realizar debate com a liderança do MST, João Pedro Stédile, ataca Luizianne, ataca o PT, ataca o Lula, ataca, ataca… Ufa! O repertório do menino é impressionante. Dá vontade de vomitar ante tamanha mediocridade na monotonia do discurso.


 


Já o Bruno Pontes é estudante de jornalismo da UFC. Em suas últimas matérias esse jovem conservador (quase um paradoxo, ser jovem e conservador simultaneamente) vitupera contra o Movimento Negro e o Sistema de Cotas nas universidades, vocifera contra Hugo Chávez, afirma categoricamente que quem é contra os EUA é a favor de Barack Obama, o ''socialista negro antiamericano'' e defende o pobre coitado do republicano John McCain, desfavorecido em sua campanha pela manipulação midiática dos democratas endinheirados de Hollywood, em seguida descontextualiza um trecho da matéria, publicada no Jornal O Povo, do deputado estadual Lula Morais, ''A Crise do Capitalismo'', buscando expô-lo ao ridículo. Que vergonha que senti da minha universidade quando li logo no começo do blog, nas informações de perfil, que ele é estudante da UFC.


 


Creio que apenas estes sumários são o bastante para dar uma idéia do que a imprensa cearense vem arregimentando nas suas fileiras ultimamente. Em uma postagem risível, Wanfil conclama ''Quem for de direita levante a mão'', para logo depois afirmar que a direita não existe, é uma abstração filosófica, uma quimera, uma ''teoria da conspiração'' inventada pela esquerda para ludibriar as massas.


 


Entretanto a direita existe sim, Wanfil e Bruno Pontes, vocês fazem parte dela.


 


Por David Aragão,
Secretário de Comunicação da UJS Ceará.


Texto publicado originalmente no Blog Evaldo Lima e Amigos