Mulheres unidas para a integração regional da América Latina
Durante encontro autogestionado do movimento feminino na manhã desta segunda (15/12), no Salvador Praia Hotel, em Ondina, a integração regional foi apontada como fundamental para a superação da crise mundial. Inserido nesse contexto, o movimento de mulher
Publicado 15/12/2008 21:25 | Editado 04/03/2020 16:21
Também estiveram presentes na mesa de discussões Dora Carcaño (Cuba), coordenadora da Oficina Regional para América Latina da Fedração Democrática Internacional de Mulheres – FDIM; Maria Inês Brassesco (Argentina), vice-presidente da FDIM; Liége Rocha, da União Brasileira de Mulheres – UBM; Lídia Correia, vice-presidente da Confederação de Mulheres do Brasil – CMB; e Sara Sarroeiras, da Marcha Mundial de Mulheres.
“A integração precisa ser construída do ponto de vista social, econômico, político, jurídico e cultural, respeitando-se as identidades de cada povo e região”, ressaltou Maria Inês. “É fundamental a participação de movimentos sociais e setores organizados da sociedade civil em torno de um consenso e unificação das bandeiras de luta para que possamos, enfim, alcançar nossos objetivos com um conteúdo mais popular e menos elitista, no qual se superem as rivalidades e disputas em favor de um projeto de consolidação da autonomia, soberania e identidade nacional”, ratificou Liége. “E por independência e paz, com justiça social”, completou Dora.
É consenso para o movimento de mulheres que o cenário mundial – diante da crise econômica e seus reflexos na escassez energética e de alimentos – é de potencialidade para a implantação de um novo modelo em contraposição à lógica capitalista, que coloca os povos em situação de subserviência. “O atual sistema já se mostrou falido. Essa é a hora de nos unirmos em torno de um projeto de economia solidária, que garanta melhores condições de vida a todos”, afirmou Lídia Correia. “O neoliberalismo aprofundou as desigualdades e reinventou a opressão de gêneros com a mercantilização da vida e do corpo das mulheres”, criticou Sara.
Segundo ela, o grande desafio para a transformação global do modus operandi mercantilista e o estabelecimento de novas relações entre os países, é o reconhecimento da mulher como sujeito social e histórico. “A análise da integração regional sob a perspectiva de gênero é fundamental para a integração absoluta”, defendeu Maria Inês. “O feminismo altera a lógica vigente com a sua pluralidade, escancarando que não há uma forma única de representação”, definiu Graciela.
Para a secretária Estadual de Comunicação do PCdoB, Julieta Palmeira, a integração tem muitas faces que vão além da questão econômica, e é de suam importância aprofundar as discussões à luz de questões específicas das mulheres. “Construir reflexões e propostas para romper com as desigualdades entre homens e mulheres na América Latina, em todos os ângulos em que se manifestem, é imprescindível para a implantação e consolidação de um novo modelo de desenvolvimento, pautado na inserção social, democratização das mídias, educação de qualidade, propriedade intelectual e direitos humanos”, arrematou.
Ao fim do encontro, Julieta propôs a redação de um documento contendo as preocupações, necessidades e reivindicações do movimento de mulheres em favor de um processo unificado de integração regional no continente. A mobilização feminina também estará expressa na tarde de hoje, a partir das 16h, com a formação de uma ala exclusiva dentro da marcha de encerramento da Cúpula dos Povos. Saída do Campo Grande, com destino à Praça Municipal.
De Salvador,
Camila Jasmin