Nova reforma ortográfica vale a partir de amanhã
“Assembleia para para ver o voo dos pinguins”. A partir de 1º de janeiro de 2009, essa frase se escreverá assim: sem trema, sem acento agudo no ditongo “ei” e sem circunflexo no grupo “oo”. As mudanças são algumas entre as trazidas pelo novo acordo ort
Publicado 31/12/2008 17:11
Em Portugal, o mesmo texto havia passado pelo parlamento em 16 de maio. O objetivo da reforma é unificar o padrão escrito dos países que usam o português, uma idéia (ou melhor, ideia) que linguistas dos dois lados do Atlântico tentam pôr em prática desde 1975, quando surgiu o primeiro projeto de acordo ortográfico comum para brasileiros e portugueses.
“A ONU produz materiais em inglês, espanhol e alemão, mas não em português. Como temos duas grafias, acabamos deixados de lado. É um prejuízo sem tamanho para a divulgação da língua”, disse o gramático brasileiro Evanlido Bechara no início do ano.
Para o português do Brasil, apenas 0,8% das palavras passarão a ser escritas de maneira diferente. Em Portugal o impacto é maior: muda 1,3% dos vocábulos, principalmente pela queda das consoantes não pronunciadas (os portugueses escrevem “óptimo” e “acto”).
Prazo para entrar em vigor
O decreto presdencial 6.583 prevê um prazo de transição de três anos para que o Brasil adote a nova ortografia. Até 2012, as duas regras valerão.
Nas escolas, a mudança será sentida à medida em que os novos livros didáticos sejam publicados. Em Portugal, o prazo previsto para a mudança é de seis anos. Os portugueses apresentam maior resistência às novas regras, encaradas por muitos como “de interesse do Brasil”.
“O acordo serve interesses geopolíticos e empresariais brasileiros, em detrimento de interesses inalienáveis dos demais falantes de português no mundo, em especial do nosso país”, protestou o deputado português Vasco Graça Moura à época da assinatura do acordo em Portugal.
Aos ouvidos de quem não fala português, o acordo ortográfico também soou mais “brasileiro”. “É como se os britânicos decidissem escrever, por exemplo, traveler (viajante), como os americanos, em vez de traveller”, publicou o jornal inglês The Independent.
Além de Brasil e Portugal, o acordo já foi ratificado em Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Ainda não definiram quando aceitarão o documento Timor-Leste e os africanos Angola, Moçambique e Guiné-Bissau.