Mulheres vão à Câmara pedir indicação de Eliana Gomes
A insistência pela escolha de Eliana como presidente da Comissão se dá devido à trajetória de 25 anos da parlamentar em ações contra a desigualdade.
Publicado 21/01/2009 10:06 | Editado 04/03/2020 16:35
A manhã de hoje do presidente da Câmara de Fortaleza, Salmito Filho (PT), promete ser animada. A partir das 9h, ele recebe um grupo de cerca de 15 pessoas ligado à entidades que defendem a garantia dos direitos da mulher. Elas vão ao Legislativo municipal reivindicar a indicação da vereadora Eliana Gomes (PCdoB) para a Presidência da Comissão da Mulher, da Juventude e da Criança. Para isso, entregam ao petista um manifesto que elaboraram no último dia 07 e que circula na Cidade e na Internet desde então.
O documento faz parte da campanha “Lugar de mulher é em todo lugar”, realizada durante 2008 inteiro e que segue diretrizes do Governo Federal no fortalecimento das políticas públicas femininas. Ao todo, 250 assinaturas foram coletadas em duas semanas de debates entre as instituições envolvidas no movimento pró-Eliana.
Cada rubrica representa um órgão que trabalha direta ou indiretamente com a garantia da integridade da mulher e que decidiu reforçar o nome da comunista como chefe do colegiado temático. “Vamos pedir a ele (Salmito) que tenha compromisso com as demandas relativas às mulheres”, explica a coordenadora de departamento do Centro Socorro Abreu – uma das entidades que integra o movimento –, Clarice Araújo.
Legitimidade
A pressão feminista vem justamente no momento em que as articulações de definição dos presidentes das comissões estão a todo vapor e quando Salmito anuncia a pretensão de abrir ainda mais as portas da Câmara para a participação popular.
O presidente julga essa postura fundamental para a atuação da Casa. E é com base nesse indicativo que o grupo de mulheres justifica a abertura de um diálogo para que o nome da vereadora se efetive. “Nosso pedido é legítimo. Não acredito que ele (Salmito) seja contra, porque, se a Câmara se diz a Casa do povo, tem de estar sensível a uma indicação que conta com o apoio de diversas organizações”, complementa Clarice.
E a insistência pela escolha de Eliana como presidente da Comissão se dá devido à trajetória de 25 anos da parlamentar em ações contra a desigualdade de gêneros e em favor da eqüidade de oportunidades entre homens e mulheres. E isso vale até para dentro do próprio Parlamento, que conforme lembra Clarice, elegeu apenas quatro mulheres para esse novo mandato. “O número pequeno de mulheres mostra como a Câmara continua conservadora. Então, a chegada da Eliana a essa Presidência é fundamental”, comenta.
As reações
Mesmo antes de o grupo anunciar que iria procurá-lo, Salmito, procurado pelo O Estado, já falava que o nome de Eliana era uma boa indicação.
Porém, não chegou a garantir a Presidência para ela, argumentando que tudo estava sendo discutido com os demais vereadores e que a definição seria anunciada após isso. Datas também não foram informadas, já que a oficialização dos dez dirigentes de colegiados acontece somente na primeira sessão do ano, marcada para o dia 02/02.
Já Eliana agradeceu a manifestação e se disse confiante no reconhecimento do seu trabalho por parte de Salmito. Ela informou que conversou com o petista sobre a possibilidade de chefiar a Comissão e disse que sentiu dele uma “boa receptividade”.
Saiba mais:
• Quem também teve o apoio popular para presidir uma das comissões – a de Meio Ambiente – foi o vereador João Alfredo (PSol).
• Mais de 200 ambientalistas assinaram um manifesto solicitando a Salmito que o socialista ocupe a chefia desse colegiado no lugar de Joaquim Rocha (PV), já indicado por conta das alianças que garantiram a eleição do petista como presidente.
• O documento foi entregue na última quinta-feira, 15/01. A idéia inicial era de que Salmito os recepcionasse, mas o parlamentar não esteve na Câmara durante toda a manhã e os manifestantes acabaram protocolando a reivindicação na Recepção Geral.
• Além de Eliana Gomes, a representação feminina da Câmara conta também com Magaly Marques (PMDB), Eliane Novais (PSB) e Leda Moreira (PSL).
Fonte: Jornal O Estado