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Maluf abusa do cinismo em sessão esvaziada da Câmara

Em discurso no plenário da Câmara dos Deputados, o deputado Paulo Maluf (PP-SP) deixou perplexo na tarde de quinta (12) os poucos colegas presentes e o público que acompanhava a sessão pela TV Câmara. Acusado de desviar na sua última gestão na prefeitu

“No ano passado, na cidade de São Paulo, houve um fato constrangedor: uma senhora pobre, faminta e sem recursos furtou um pote de margarina de um supermercado, e ficou quatro meses na cadeia por esse ilícito. E pergunto: quantos séculos, pelo mesmo critério, deveriam ficar na cadeia os atuais diretores do Banco Central?”, disse o ex-prefeito, ao criticar a política de juros adotada pelo BC.


 


Um discurso até acertado em se tratando da política monetária, mas de um cinismo que causa de fato perplexidade. Isso porque quem fala teve sua trajetória política marcada ao longo de 40 anos por sucessões de denúncias de corrupção. Fatos graves dos quais o ex-prefeito sempre saiu incólume. 


 


Num trabalho de três anos, o Ministério Público de São Paulo concluiu que Maluf desviou uma fortuna dos cofres públicos e usou parte do dinheiro para contas pessoais e de sua família.


 


Nesta quinta (12), o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou o Ministério Público a ficar com cópia de documentos enviados pela Suíça para instrução de processo contra Maluf.


 


Maluf comunista


 


“Eu me pergunto: será que eu que, como todo mundo diz, sou de um partido que deu sustentação ao regime militar, não me sinto comunista, perto do esforço que vejo o Governo do PT empreender, defendendo os banqueiros?”, discursou.


 


“Até o deputado Maluf se diz comunista. Eu sou antirregime militar, considero-me marxista, acredito em outra sociedade. Embora ele tenha se manifestado com certa ironia, nós estamos juntos”, disse o deputado Chico Lopes (PCdoB-CE) concordando com as críticas de Maluf aos juros cobrados no Brasil.


 


No discurso, Maluf ainda chega a assumir o tom cínico e irônico do seu discurso. “Quero dizer honestamente, sem ironia: este Governo tinha que estatizar o Banco Central, porque ele é um banco privado que está à disposição da Febraban (Federação dos Bancos). E quando todos os seus dirigentes saírem, vão arrumar emprego onde? Na rede bancária privada.”


 


De Brasília,


Iram Alfaia