Greve ameaça produção de gás natural no NE
A paralisação dos petroleiros não irá afetar o fornecimento de derivados de petróleo, como gasolina e diesel
Publicado 25/03/2009 09:04 | Editado 04/03/2020 16:35
Iniciada na última segunda-feira, a greve nacional dos petroleiros poderá afetar o fornecimento de gás natural para o setor industrial cearense, na próxima sexta-feira. O movimento paredista porém, não põe em risco o abastecimento dos demais combustíveis derivados de petróleo, no Ceará. Através de nota à imprensa, a Petrobras responde apenas ´que todas as unidades continuam operando normalmente´.
Segundo o presidente do Sindicato dos Petroleiros do Ceará (Sindipetro-CE), Orismar Holanda Gomes, o risco da falta de gás natural para o setor industrial decorre ´ da queda de 20%, ao dia, da pressão no gasoduto Nordestão´, que interliga Catu, na Bahia, Guamaré, no Rio Grande do Norte e Pecém, no Ceará. ´Se a queda continuar nesse ritmo, a área industrial (abastecida com gás natural) poderá parar´, alerta Gomes, destacando que 70% da produção foi paralisada no Estado potiguar e entre 40% e 60%, na Bahia.
No Ceará, entretanto, a paralisação de 160 dos 485 petroleiros não põe em risco o fornecimento de combustíveis fósseis. Segundo o próprio dirigente sindical, o fechamento diário de seis poços representará a redução média de apenas 92 metros cúbicos, ou 92 mil litros de petróleo. Isso equivalente a 5% do total de 1.800 metros cúbicos de óleo bruto, produzidos diariamente nas plataformas marítimas da Petrobras no Estado do Ceará. ´Essa é uma paralisação apenas simbólica, como forma de pressionar a empresa para as reivindicações da categoria´, explica o sindicalista. Ele não soube informar qual o impacto da paralisação no volume de petróleo produzido na Fazenda Belém, no município de Icapuí, onde a companhia explora poços terrestres.
Denúncia
Gomes disse ainda que, na tarde de ontem, entregou ao Ministério Público da União, uma denúncia de ´cárcere privado´, contra a empresa Lubrificantes do Nordeste (Lubnor), subsidiária da Petrobras no Ceará. De acordo com ele, desde domingo último, funcionários estariam sendo obrigados a dormir na empresa, em colchonetes.
Não houve coação
Conforme relato textual do mediador da ação, o procurador Regional do Trabalho, Francisco Gerson Marques de Marques, o gerente da Petrobras, Belino José de Moura, revelou na audiência que ´os trabalhadores, os quais laboram em turnos de revezamento, encontram-se na empresa, tendo à sua disposição colchões adquiridos para lhes proporcionar descanso, além de material necessária à higiene pessoal, alimentação e lençóis, dentre outros utensílios próprios para o bem estar dos empregados´, mas que não houve coação para que os operários continuassem trabalhando, além da jornada de oito horas, por dia. Diante do impasse, o procurador esclareceu, textualmente, ´que a simples disponibilidade de colchões pela empresa não atende aos propósitos da legislação do trabalho´ e determinou que a Lubnor conceda o repouso no lar dos trabalhadores, que estejam em jornada superior ao turno de trabalho. Sobre o assunto e também através de nota, ´a Petrobras esclarece que não ocorreu cárcere privado na Lubnor. Alguns empregados decidiram por vontade própria estender a jornada de trabalho e trabalharam em regime de revezamento com a equipe de contingência´.
Sem acordo
Terminou sem acordo a reunião entre Petrobras e sindicatos dos petroleiros relativa à greve, realizada na noite de ontem.