A questão da mulher no centro da discussão
Na noite desta quinta-feira (02), foi instituído o Fórum Estadual Permanente do PCdoB. O grupo foi formado para discutir a emancipação feminista e participar da elaboração de políticas públicas para as mulheres. O lançamento do Fórum aconteceu no Auditóri
Publicado 03/04/2009 18:23 | Editado 04/03/2020 16:58
“A idéia de instalar Fóruns Permanentes do PCdoB para discutir a questão feminista surgiu após a Conferência da Mulher realizada há dois anos atrás, em Brasília. Isso é uma experiência inédita entre os partidos políticos no Brasil! Eu digo isso porque tenho conhecimento de Encontro de Mulheres promovidos pelos outros partidos, mas nenhum, até hoje, instituiu um fórum em que mulheres e homens pudessem discutir juntos políticas públicas para nós mulheres”, disse Liege Rocha sobre a instalação do Fórum.
O pioneirismo latente do PCdoB
Mesmo aos 87 anos, o Partido Comunista do Brasil ainda continua firme e seguro de seus princípios. Entre eles, a ousadia e o pioneirismo. Ousado por colocar mulheres e homens, lado a lado, na linha de frente da luta por um país mais democrático e justo. Pioneiro por, como bem disse Liege Rocha, ser o primeiro a entrar de cabeça no debate das políticas de gênero.
A mesa para a instalação do Fórum Estadual Permanente do PCdoB foi presidida pela secretária estadual da Mulher do Partido, Sibelle Chagas, e composta por Betânia D’Àvila (da ONG S.O.S Corpo), Márcia Ramos (da UBM-PE), Luciana Santos (ex-prefeita de Olinda) e Alanir Cardoso (presidente do PCdoB-PE).
Em cada saudação, os membros da mesa ressaltaram a importância da participação feminina no poder público e na busca pelo socialismo. “Nestes momentos, eu lembro sempre o companheiro João Amazonas quando ele dizia que ‘não existe socialismo, sem que as mulheres façam parte dessa luta’. Acredito que só dessa maneira alcançaremos a democracia plena”, disse Márcia Ramos.
Alanir Cardoso, que um dia antes esteve presente à homenagem prestada pela Caravana da Anistia ao ex-governador Miguel Arraes, se mostrou satisfeito ao perceber a grande quantidade de mulheres que fazem parte daquele grupo de trabalho. “A participação e o entusiasmo feminino dão uma grande contribuição à Caravana da Anistia. Principalmente, no julgamento dos ex-presos políticos”, comentou o presidente estadual.
De acordo com Alanir, é preciso trazer esta mesma dinâmica para o PCdoB e suas frentes nos movimentos sociais. “O Fórum que estamos instituindo hoje é para isso. Para que essa discussão sobre a mulher não fique só nas comissões. É para que ela esteja cada vez mais presente nos movimentos sociais e, assim, atingindo o povo”, declarou.
A mulher e a crise do capitalismo
Na abertura dos trabalhos do Fórum Estadual, a secretária nacional da Mulher do PCdoB, Liege Rocha, palestrou sobre “A Crise do Capitalismo e a Questão da Mulher”. Ela defendeu que a crise que toma conta do mundo no campo econômico é, antes de tudo, uma crise do capitalismo. “É uma falência do sistema”, afirmou.
Liege Rocha apresentou um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) que revela a situação da mulher trabalhadora no Brasil. De acordo com a pesquisa, atualmente, 1/3 das brasileiras são chefes de família e seu salário é 30% menor em relação ao dos homens.
A secretária informou que a crise econômica ainda não tem um forte impacto sobre as trabalhadoras, pois está focada, sobretudo, no setor produtivo. Mas, tendem a se espalhar pelo setor de serviços, onde 90% da mão-de-obra é feminina. “Diante desses números e fatos, nós não podemos esperar que a crise nos atinja. Precisamos reagir a partir de agora”, argumentou.
Para ela, a saída é a unidade entre os movimentos sociais para garantir o ciclo de desenvolvimento do Brasil. “É preciso haver um pacto entre a sociedade civil e os setores produtivos para manter o bem estar dos trabalhadores. É por isso que lutamos, por exemplo, pela redução na jornada de trabalho e a redução dos juros. Os movimentos sociais têm de entrarem unidos nesse jogo”, concluiu.
Do Recife,
Daniel Vilarouca