Gutemberg Dias: 1968 – O ano que não terminou
Dias atrás em visita a uma livraria em Mossoró, quando estava buscando o livro “O Capital” de Karl Marx, tive a oportunidade de me deparar com o livro “1968 – O ano que não terminou” do jornalista Zuenir Ventura. Como já havia recebido informações que
Publicado 13/04/2009 10:36 | Editado 04/03/2020 17:08
Iniciei a leitura do livro e desde seu prefácio tinha certeza que iria me deparar com uma jóia. Um livro histórico e jornalístico, capaz de fazer se projetar na minha mente um período que não vivi, haja vista que nasci apenas no ano de 1974. A sua leitura me remeteu às imagens que podemos ver, principalmente, na internet dos anos duros e da repressão militar ao movimento estudantil.
Um ponto que me tocou muito foi a descrição detalhada dos momentos que culminaram com a morte do estudante Edson Luis, no Rio de Janeiro, bem como, os desdobramentos de tal episódio. A descrição detalhada nos coloca nas cenas relatadas. Um exemplo claro é quando os estudantes com o corpo de Edson Luis adentram a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro e a autopsia é feita ali mesmo. Para quem não conhece aquela casa e, principalmente, para quem a conhece, nós podemos nos sentir in loco.
Outro ponto importante que faz o livro ser uma boa indicação de leitura é a riqueza dos relatos históricos vistos por um jornalista e sem uma visão ideológica determinista, que concebe ao livro a grandeza de um documento histórico para as gerações que não vivenciaram esse momento tão rico e tão dramático da história brasileira. Ainda, serve como um resgate para o Brasil, pois os fatos que ocorreram nesse ano não podem ser esquecidos, e as gerações da pós-ditadura não podem, simplesmente, não levar em consideração as lutas que os jovens dos anos de chumbo travaram contra a opressão dos generais, lutas essas que culminaram com a luta armada nas cidades e no Araguaia.
Bem, espero que a dica seja acatada por aqueles que tenham o interesse na história recente do nosso país e, principalmente, pelos jovens que andam ausentes das lutas sociais desde o movimento dos “Caras Pintadas”, pois tenho a certeza que a leitura do livro “1968 – O ano que não terminou” irá fazer essas plêiades jovens, que hoje se encontram nas universidades e nas escolas secundaristas repensar seu papel no mundo de hoje. Como dizem, a história sempre se repete, e tenho a certeza que estamos nos encaminhando para um novo momento do Brasil que a juventude irá impor sua marca.
por Gutemberg Dias
Graduado em geografia e presidente do Comitê Municipal do PCdoB de Mossoró/RN