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Xiita afegão acusa ''invasão cultural'' do Ocidente

Um dos mais altos líderes religiosos da minoria xiita no Afeganistão, ao defender, neste sábado (11) um polêmico projeto de lei sobre as mulheres, obrigando-as a ''satisfazer sexualmente seus maridos'', denunciou a ''invasão cultural'' dos países ocidenta

''A pressão política é uma invasão cultural, que parte do princípio de que uma cultura é melhor do que as outras'', disse Mohammad Asif Mohseni em uma intervenção pública numa universidade em Cabul.

Estados ocidentais – entre eles os EUA, Canadá, Alemanha e França – têm denunciado duramente nas últimas semanas a nova lei que rege o direito de família da minoria xiita, que acusam de violar a liberdade das mulheres. O ''Estatuto Pessoal dos Xiitas'' foi votado em março pelo Parlamento e assinado pelo presidente afegão Hamid Karzai. Ainda não está em vigor por não ter sido publicado no Diário Oficial.

O código afirma que ''é da responsabilidade da esposa estar pronta a satisfazer o marido sexualmente e não sair de casa sem autorização, salvo em caso de necessidade ou dificuldade''. Após críticas de países ocidentais, em particular contra a legalização do estupro, várias alterações foram introduzidas e a lei está sendo revista pelo Ministério da Justiça afegão. Nem o projeto original, nem a versão emendada do documento legal foram divulgadas.

No entanto, a nova legislação foi definida democraticamente pelo Parlamento afegão, conforme os princípios ''da mesma democracia que o Ocidente defende' no Afeganistão'', diz Mohseni. O ''Estatuto Pessoal dos Xiitas'' também desperta algumas críticas no país. Cinco membros do governo apresentaram na semana passada uma petição, assinada por 200 personalidades e intelectuais  afegãos, advertindo contra uma ''talebanização'' legal do país.

Com informações do Le Monde