Europa mergulha em sua pior recessão do pós-guerra
A economia da União Européia (UE) entrou em sua pior recessão desde a II Guerra Mundial, afirmou a Comissão Européia, ao reduzir suas projeções econômicas e elevar a estimativa para o desemprego. O braço executivo da UE espera que a economia dos países
Publicado 07/05/2009 13:59
Segundo o comissário para Relações Econômicas e Monetárias da UE, Joaquin Almunia, essa é a recessão mais profundo do período posterior à Segunda Guerra Mundial. “A economia européia está no meio de sua recessão mais profunda e mais disseminada da era pós-guerra”, afirmou em um comunicado. Para 2010, a comissão prevê contração de 0,1% na UE, mesma projeção para a zona do euro. Irlanda e Alemanha devem ter a pior performance na Zona do Euro.
A economia da Irlanda deve encolher 9% este ano, enquanto a Alemanha deve desabar 5,4%, pelas projeções da comissão. Os países bálticos — Estônia, Letônia e Lituânia — são os mais duramente atingidos em toda a UE. Cada um deve sofrer um tombo de cerca de 10% em 2009. Para 2010, a Alemanha deverá crescer apenas 0,3%. A economia britânica, por sua vez, deverá encolher 3,75% em 2009 e crescer 0,1% em 2010, previu a Comissão Européia.
Diante desse cenário catastrófico, as autoridades monetárias tentam se mexer. O Banco Central Europeu (BCE) e o Banco da Inglaterra tomaram novas ações para tentar estimular a economia. O BCE cortou a taxa de juro para a mínima recorde de 1% e divulgou que pode gastar em torno de 60 bilhões de euros em um esquema de compras de bônus corporativos, enquanto o Banco da Inglaterra estendeu seu programa de compra de ativos em 50 bilhões de libras (US$ 75,8 bilhões) e manteve a taxa de juro na mínima recorde de 0,5%.
O presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, disse que os dados mais recentes sugerem sinais iniciais de que as condições econômicas pararam de se deteriorar. “Mais recentemente existem alguns sinais positivos… de estabilização, ainda que em níveis reduzidos”, disse Trichet. “De maneira geral, a atividade econômica vai continuar fraca durante este ano, antes de se recuperar gradualmente em 2010”, afirmou. Já o mercado financeiro continua emitindo sinais de que a crise se aprofunda.
Recapitalização pública
A Comissão Européia acaba de aprovar mais ajudas alemãs ao Commerzbank. Em dezembro, Berlim concedeu ao Commerzbank 8 bilhões de euros para ajudá-lo a enfrentar a crise financeira e planeja oferecer mais 10 bilhões de euros, lembrou a Comissão, em comunicado. A entidade teve que recorrer à recapitalização pública devido às grandes perdas, derivadas, em grande parte, da aquisição do Dresdner Bank.
Diante da grande intervenção pública, Berlim optou pela reestruturação do modelo de negócio do Commerzbank, que se centrará nos bancos no varejo e corporativos, sem renunciar às atividades na Europa central e do leste. A entidade vai se desfazer dos investimentos bancários mais voláteis e de suas atividades imobiliárias, o que inclui a venda de algumas filiais. Também será suspensa a distribuição de dividendos e o pagamento de juros aos detentores de capital híbrido (ações e dívida).
Além disso, para eliminar qualquer risco de prejuízo à concorrência, o banco não poderá durante três anos adquirir nenhuma entidade ou negócio concorrente, e também não poderá oferecer a seus clientes melhores condições que os rivais em mercados ou produtos nos quais tenha cota superior a 5%. A comissária de Concorrência da União Européia, Neelie Kroes, disse que, para preservar a “estabilidade financeira”, é necessário que as entidades se adaptem às novas condições do “mercado”, o que implica, algumas vezes, em revisar seu modelo de negócio, para torná-lo viável a longo prazo.
Com agências