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Balança e política monetária travam ação anticíclica

O superávit da balança comercial está financiando a fuga de capitais especulativos do país. A advertência é do economista Rodrigo Ávila, ligado à campanha Jubileu Sul. ''A entrada de dólares através da economia real, a partir da exportação de produtos

Em abril, o fluxo cambial teve saldo de US$ 1,43 bilhões, sustentado pela fluxo comercial, positivo em US$ 4,917 bilhões, contra fluxo financeiro negativo de US$ 3,487 bilhões. Ávila destacou que, no balanço de pagamentos, ''está claro que o comercial está financiando remessas de divisas''. O resultado, segundo o economista, poderia ser pior: ''Com o diferencial de juros praticados aqui e nos Estados Unidos, as pessoas pegam empréstimos lá para aplicar no Brasil. Ainda assim, o financeiro apresenta déficit há 13 meses. O país está sendo transformado num mar de soja, eucalipto, depredação ambiental, exploração minérios para financiar a saída de divisas'', disse o economista.


 


Ele lembra que as exportações de manufaturados acabam de ser superadas pelas vendas de produtos básicos ao exterior. Em abril de 2008, o fluxo cambial fora positivo em US$ 6,723 bilhões, com a conta positiva em US$ 8,427 bilhões e a financeira negativo em US$ 1,704 bilhão. No acumulado do primeiro quadrimestre de 2009, o fluxo cambial tem saldo líquido negativo de US$ 1,544 bilhão.


 


A saída é puxada pelo segmento financeiro, com déficit de US$ 12,968 bilhões, compensada, em parte, pelo superávit de US$ 11,424 bilhões do segmento comercial. No mesmo período de 2008, o fluxo cambial era positivo em US$ 15,663 bilhões, com ingresso líquido de US$ 21,928 bilhões pelo lado comercial e saída líquida de US$ 6,265 bilhões do financeiro.


 


Sobrevalorização cambial


 


Já o economista Miguel Bruno, do Instituto de Políticas Econômicas Aplicadas (Ipea), frisa que a política monetária do Banco Central (BC) dificulta a ação anticíclica de outros setores do governo, como o BNDES. Além disso, esteriliza recursos do Orçamento que poderiam ser aplicados no setor produtivo. ''A taxa básica de juros (Selic) praticada no Brasil, também constitui uma sinalização negativa para o investimento privado, além de dificultar uma redução maior da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP)'', disse Bruno.


 


Para Bruno, a sobrevalorização cambial, outro efeito dos juros altos, ainda não foi eliminada. E continua atraindo capital especulativo e tirando competitividade dos produtos manufaturados. Ele também aponta a diferença entre as bolsas do Brasil e dos EUA. ''Enquanto, aqui, o investimento é basicamente especulativo, nos EUA, 60% das famílias investem na bolsa, com perspectiva de longo prazo'', diz.


 


As informações são do Monitor Mercantil