Delúbio Soares supreende e desiste de voltar ao PT
O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares evitou nesta sexta (8), na reunião do Diretório Nacional do partido, um racha entre os dirigentes ao desistir do pedido de reintegração à sigla. Parte da direção trabalhava para impedir que o colegiado examinasse a
Publicado 08/05/2009 18:10
Na quinta (7), o Supremo Tribunal Federal (STF) inocentou Delúbio, o publicitário Marcos Valério e o ex-presidente do partido, o deputado José Genoino (SP) de gestão fraudulenta no empréstimo do BMG ao PT.
Delúbio alegou que não seria motivo para divergência entre os dirigentes. “Não pretendo ser motivo de qualquer divisão interna, muito menos causar discórdia por conta de uma postulação política que muitos dizem ser pessoal, a de voltar ao PT. Nem devo causar tipo algum de embaraço aos companheiros que se colocaram, corajosa e generosamente, a meu lado no presente debate”, afirmou.
Falou da sua condição humilde como filho de agricultor em Goiás, professor, militante sindical e fundador do partido. “Éramos alvo da descrença de uns, da zombaria de outros. Contamos nos dedos de uma das mãos os companheiros de então. Nos da outra, os votos conquistados num início que era só fé e pura teimosia”, disse.
Além de destacar o fato de o STF lhe inocentar, Delúbio colocou como prova da sua honestidade os oito anos como representante da Central Única dos Trabalhadores (CUT) na gestão do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) no Governo de Fernando Henrique Cardoso.
“Por lá circularam cifras astronômicas. Em um desses anos, respondi diretamente pela gestão de tais recursos. Em valores atuais a soma chega a impressionantes US$ 10 bilhões. O Tribunal de Contas da União (TCU), aprovou de forma cabal e definitiva as contas de minha gestão. Na única oportunidade em que o dinheiro público esteve ao alcance de minhas mãos, tanto o TCU quanto os nossos adversários constataram a seriedade com que lidei com ele”, lembrou.
Sobre a prática de caixa dois nas campanhas eleitorais, o ex-tesoureiro criticou a hipocrisia de dirigentes partidários. “Do que me acusam? Quantos são os políticos brasileiros que realizaram campanhas eleitorais sem que alguma soma, por menor que fosse, não tenha sido contabilizada?”
Agradeceu o apoio de militantes e dirigentes que eram favoráveis ao seu retorno e criticou a proposta de que sua reintegração seria mais condizente no período pós-eleições 2010.
“Também se manifestaram, sem a clareza dos que vieram à luz combater-me, os que diziam acreditar que eu devo, posso e até exageradamente tenho direito a voltar aos quadros do PT, mas só depois das eleições. Esclareceram-me, antes de tal data, poderia (seu retorno) trazer inevitável desgaste eleitoral para o partido e seu projeto presidencial”, disse.
Por fim, o ex-tesoureiro fez menção a seus familiares, a mulher Mônica, os companheiros de Goiás e amigos da CUT. “A eles, só a eles, a mais ninguém, pertence a minha honra, a minha história e o meu futuro”, concluiu.
De Brasília,
Iram Alfaia