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Crise econômica afeta mais as mulheres, atesta pesquisa

Até o momento, a crise econômica mundial causou mais desemprego para a população masculina que para a feminina no Brasil, de acordo com pesquisa do Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea). “No entanto, isso não tem significado vantagens para as mulheres”

Autora do requerimento para realização do debate sobre o trabalho da mulher no Brasil, a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) defende que o Brasil tem de adotar ''políticas afirmativas'' para mulheres chefes de família. ''Nesse primeiro momento são os homens que sofrem mais. Mas, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), as mulheres são as que mais vão sentir'', afirmou.



Segundo ela, o País poderia adotar medidas de proteção do emprego para a mulher trabalhadora ou estender o período de recebimento do seguro-desemprego para essa população, por exemplo.



A deputada também sugeriu que os movimentos organizados pressionem o Congresso pela aprovação da lei que garante aposentadoria para empregadas domésticas. E defendeu a criação de uma contribuição especial para mulheres que trabalham apenas em casa. ''Muitas vezes, quando o casamento acaba, essas mulheres ficam sem nenhuma proteção'', sustentou.



Relator da comissão, o deputado Vicentinho (PT-SP) afirmou que pretende levar seu texto a votação até o dia 10. E, segundo o parlamentar, ''o trabalho não seria completo sem a participação das mulheres.”



Menor remuneração



A redução de vagas na indústria de transformação e na construção civil, que tradicionalmente empregam mais homens, e a menor remuneração das mulheres são possíveis razões para esse cenário, segundo apontou Natália Fontoura.



Dos 585.912 postos de trabalho perdidos de outubro do ano passado a abril deste ano no País, somente 5.273 (0,9%) eram ocupados por mulheres. Segundo a especialista, em alguns setores ocorreu, inclusive, substituição de homens por mulheres. É o caso da construção civil, que demitiu 63.082 empregados, enquanto empregou 3.745 trabalhadoras.



Na opinião de Natália Fontoura, a menor remuneração das mulheres pode ser um dos fatores que explicam a substituição de homens por mulheres no mercado de trabalho.



Avaliação semelhante tem a presidente do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher (Neim) da Universidade da Bahia, Cecília Sardenberg. Ela destacou que, muitas vezes, a mulher é incorporada ao mercado porque vai ganhar menos que o homem que desempenhava a mesma função. Cecília afirmou ainda que os efeitos da crise não serão os mesmos para as mulheres, porque as condições são desiguais.



Sem vantagens



A pesquisadora destaca que a troca de homens por mulheres no mercado de trabalho não significa vantagens para elas. ''Ao contrário. Em crises anteriores as mulheres foram as mais afetadas, e nada impede que isso volte a ocorrer. Como mais mulheres tendem a buscar emprego nesse momento, pode haver desemprego ainda maior entre elas e a remuneração pode cair ainda mais'', destacou. Hoje, a taxa de desemprego feminino é da ordem de 54%, contra 26% do masculino.



Outras consequências possíveis da crise, segundo Natália Fontoura, são a intensificação do trabalho informal e o aumento da pobreza, que é maior em famílias chefiadas por mulheres. Com isso, ''pode haver regressão no cenário de aproximação entre os gêneros observados na última década''.



Com Agência Câmara