Audiência Pública discutiu shopping inacabado
Presidida pela Vereadora Luiza Cordeiro (PCdoB), Audiência Pública realizada na Câmara Municipal na última sexta-feira, 19, discutiu a construção do Shopping Plaza Guarulhos, que segundo estudos irá gerar cerca de 4200 empregos diretos. A maior parte dos
Publicado 22/06/2009 10:24 | Editado 04/03/2020 17:18
Visando ampliar o debate sobre as obras do Shopping Plaza Guarulhos, a Associação dos Moradores e Comerciantes do Bairro Vila Fátima liderada por Casturino Soares, em conjunto com a Comissão de Defesa do Meio Ambiente de Guarulhos, presidida pela Vereadora Luiza Cordeiro PCdoB, promoveram na noite da última sexta-feira Audiência Pública na Câmara Municipal da Cidade.
Nenhum dos presentes se prostrou contra o empreendimento, no entanto alguns vereadores tucanos dizem que a construção desrespeita a legislação ambiental e causará diversos impactos negativos a região. Além disso, tanto o vereador Geraldo Celestino como Romildo Santos, ambos do PSDB, questionaram débitos do grupo junto à prefeitura e o fato de o BNDS ter concedido empréstimo de mais de R$50 milhões de reais para a construção da obra. Após suas falas, poucos aplausos e uma sonora vaia.
Em resposta o diretor da Sá Cavalcante disse ser homem honesto e honrar com seus compromissos, e que 5% do empréstimo é por lei destinado a projetos sociais. “A Sá Cavalcante não corrompe nem é corrompida”, disse o diretor.
Moradores que residem próximo ao shopping cobraram dos tucanos que eles contribuam com a solução do problema, na mesma intensidade com que apontam supostas irregularidades.
Há nos moradores, o sentimento de que os tucanos estão agindo com má vontade em relação ao empreendimento que foi autorizado pelo governo do prefeito Sebastião Almeida (PT) e que é acompanhado de perto pela Vereadora Luiza Cordeiro.
– Luiza busca um entendimento entre as partes envolvidas e está junto aos moradores das imediações que defendem o empreendimento -.
No debate democrático, vereadores, secretários, diretores, representantes do grupo que pretende construir o empreendimento, e moradores que residem próximo ao local das obras puderam manifestar sua opinião.
O Grupo Sá Cavalcante esteve representado por um engenheiro e pelo seu diretor Ilídio Salvador que detalhou dados do projeto. Por meio de uma animação computadorizada, Ilídio mostrou como ficará o shopping após a inauguração. O empreendimento que terá no total 130000M² contará com 419 lojas, 3 restaurantes, 2500 vagas de estacionamento, cinema com 2000 lugares e uma torre com 20 andares. O vertical será formado por salas comerciais que abrigarão escritórios, clinicas, consultórios etc.
O Grupo Sá destacou que a principal característica do Plaza será o laser e o entretenimento e que o objetivo é atender todas as classes sociais. Para Ilídio, outro ponto importante é a relação com os vizinhos, “Um shopping só obtém sucesso se tiver uma ligação estreita com a comunidade”. A obra custará cerca de R$ 110 milhões.
Luiz Carlos Pontes, diretor da Secretaria de Desenvolvimento Urbano defendeu o início das obras que estão paradas desde março deste ano, quando o juiz Rafael Tocantins Malteza da 2° Vara da Fazenda Pública de Guarulhos, atendendo a ação interpelada pelo Centro Comunitário Jardim Santa Bárbara, concedeu liminar determinando a suspensão do Alvará que autorizava o início dos trabalhos no local. “Todos os impactos foram analisados e a autorização foi feita obedecendo às leis e todas as exigências necessárias”, disse Pontes.
– Moradores e comerciantes residentes na região a mais de 30 anos questionam a legalidade e representatividade do Centro Comunitário Jardim Santa Bárbara -.
Marcos Antônio Carlos, diretor da Secretaria do Meio Ambiente argumentou que quando foi construído, a mais de 20 anos, o prédio respeitou a legislação ambiental vigente, só depois ela foi alterada fazendo com que a construção ultrapassasse limites. “Não se pode retroagir leis para prejudicar nenhum empreendimento”.
Mesmo assim, a secretaria fez uma série de exigências para liberar as obras de revitalização do shopping, dentre elas destacou o fato de que o Grupo Sá irá adquirir uma área de 12000M² e doar a prefeitura, “este terreno poderá ser usado para beneficiar cerca de 240 famílias sem moradia”. Continuando, disse que pelo projeto serão ceifadas 330 árvores, porém vão ser plantadas dentro do empreendimento 1200 e outras 3000 mudas de árvores serão doadas a prefeitura.
Líder do governo na câmara, o Vereador Petista Zé Luiz tomou a palavra e defendeu o empreendimento.“tanto o ex-prefeito Elói Pietá, como do atual Sebastião Almeida fazem o possível para atrair empresas para Guarulhos, se não está cidade não seria a 9º do país”.
Casturino Soares, presidente da Associação de Moradores e Comerciantes do Bairro Vila Fátima, local onde será instalado o shopping, defendeu o empreendimento de forma calorosa. “O impacto ambiental na região existe há 22 anos, a área abandonada gera insetos e serve de esconderijo para assaltantes”. Foi ovacionado pela platéia e por autoridades. Casturino e outros representantes dos moradores entregaram ao diretor da Sá um documento contendo mais de 2000 assinaturas pró shopping e autorizaram seu uso, caso seja necessário, no processo judicial.
Dércio Pompeu, representando a Secretária de Desenvolvimento Econômico de Guarulhos fazendo uso da palavra, parabenisou a todos, contras e a favor, em especial a Sá Cavalcante e mostrou-se totalmente favorável ao empreendimento. “Numa Audiência Pública deve prevalecer à vontade do povo, o maior respeito deve ser com o cidadão e a maioria quer o shopping”. Defendeu que em conjunto, vereadores, empresa, e moradores encontrem uma solução e tirem a temática das mãos da justiça, pois este caminho é muito demorado e o tema é de interesse comum, assim pode-se chegar a um entendimento. Por fim referindo-se a camiseta que os moradores usam, que traz a inscrição 4200 empregos disse, “eu também quero uma, sou morador e vizinho, shopping Vila Fátima Já”.
Diversos populares falaram à tribuna, uma criança Maria Carolina 12 anos se destacou. Luiza Cordeiro, Romildo Santos, Dércio Pompeu, e o Secretário Adjunto de Assuntos Jurídicos da Prefeitura, Miguel Choueri teceram muitos elogios à garota.
Outro popular criticou a postura de alguns vereadores dizendo nunca ter visto tanta intolerância para com um empreendimento. Outro, perguntou se havia ali algum representante da tal Associação Santa Bárbara, que entrou com ação contra o empreendimento, nessa altura, já em clima amistoso, um popular na platéia gritou “Geraldo Celestino”, nem o próprio conteve o sorriso.
Com relativo atraso, esteve presente também na audiência o Presidente da Câmara, Vereador Alan Neto (PSC), Luiza lhe ofereceu a palavra, mas, Alan recusou-se a falar. Ao final do ato, declarou que não falou pois, chegará atrasado e poderia ser repetitivo, no entanto colocou-se duplamente a favor do shopping. “como político seremos vizinhos ao shopping e como cidadão tenho um terreno próximo que será valorizado”.
Em suas considerações finais, Ilídio Salvador disse ter diretrizes sólidas e confiar no judiciário, legislativo e no executivo. Rebatendo a idéia de que a prefeitura usou dois pesos e duas medidas, pois segundo alguns vereadores a licença para a Sá foi concedida em apenas 30 dias disse, “o documento pode ter sido expedido em 30 dias, mas as conversas e ajustes vêm sendo feitos há quase três anos quando adquiri o empreendimento em 21 junho de 2006”.
Por fim Luiza Cordeiro que conduziu a audiência de forma democrática, concedendo direito de resposta a todos, inclusive a adversários políticos e vereadores que neste tema divergiam de sua opinião, elogiou a participação de todos. “Quero agradecer a Sá Cavalcante pela disposição de investir em nossa cidade, vocês são bem vindos em nossa cidade. Está noite foi proveitosa, o nível de civilidade e cidadania do debate foi excelente, em especial dos moradores”.
O saldo da audiência para a população foi extremamente positivo, foi uma prova de democracia participativa. A expectativa agora é que haja um entendimento, ninguém se disse contra investigações e o estrito cumprimento das leis, porém ficou evidente à vontade da ampla maioria em buscar uma solução rápida e amigável, de preferência longe dos tribunais.
Em especial a população anseia pelo fim dessa contenda e o início das obras no local, o que contribuirá para a revitalização da região, valorização de imóveis e o principal, cerca de 4200 empregos diretos.
De Guarulhos, Gutemberg M. Tavares