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Votos nulos e abstenção devem marcar eleições mexicanas

Neste domingo (05), mais de 77 milhões de mexicanos estão convocados às urnas para eleger 500 deputados, seis governadores e prefeitos de pequenos municípios, além de outros cargos. Estimativas dão conta de que será uma eleição marcada pelas abstenções

A presidente do Tribunal Eleitoral do México, María del Carmen Alanís, anunciou o índice de abstenção deve ser de 70%, aproximadamente. De acordo com Alanís, a projeção é resultado de uma pesquisa realizada pelo tribunal, que mostrou que a taxa média de ausência nas urnas aumenta 20% a cada três anos no país.

Este será o primeiro pleito desde a eleição do presidente Felipe Calderón, que saiu vitorioso em 2006 com uma margem de vantagem de 0,56% e acusado por seu principal opositor, Andrés Manuel López Obrador (do Partido da Revolução Democrática, PRD), de fraude eleitoral.

O Instituto Federal Eleitoral (IFE) do México declarou estar “absolutamente” preparado para as eleições do próximo domingo e diz que até agora não foi contemplada nenhuma situação que coloque o pleito em risco.

As últimas pesquisas apontam como favorito, com cinco pontos de vantagem, o
Partido Revolucionário Institucional (PRI), que governou o país por 71 anos seguidos até 2000. Desde então, o governo esta nas mãos do conservador Partido da Ação Nacional (PAN).

Há um grande movimento para o voto nulo ou em branco, como sinal de protesto, no pleito que é considerado a principal ocasião de os eleitores avaliarem o mandato de Calderón. Normalmente, a soma destes votos no México é de 2,5%, mas as últimas pesquisas revelaram que esta cifra poderia dobrar no domingo.

Analistas apontam que, além do enorme cansaço e a desilusão da população com a política mexicana, somam-se a isso dois fatores muito importantes: a enorme onda de violência, – que há três anos sacode o país, como parte da guerra lançada pelo presidente Felipe Calderón contra o narcotráfico, com um balanço de mais de 12 mil mortos – e a crise econômica, que deixou quase dois milhões de mexicanos sem emprego.

Denise Dresser, reconhecida cientista política mexicana, explica desta forma a proposta do voto nulo ou branco: “Votar no menos pior seria como dizer aos mexicanos que eles não têm direito de almejar algo melhor. Não se trata de desonrar as instituições, e sim de garantir que elas realmente se tornem representativas. Atualmente, temos um sistema eleitoral mal configurado que carece de um ingrediente fundamental para assegurar a representação efetiva: não sabemos quem é o deputado no qual votamos há três anos, e não sabemos porque, depois que ele chega ao poder, nunca mais voltamos a vê-lo”.

Os detratores da ideia argumentam que anular o voto significa deixar que os outros escolham por você e que, abrindo mão deste direito e obrigação constitucional, perde-se a moral para exigir dos governantes uma mudança verdadeira.

Com agências