Gutemberg Dias: Mãe Luiza e a ofensiva do capital imobiliário

Muito interessante a articulação que os moradores do Bairro Mãe Luiza em Natal estão fazendo para defender o direito de morar num local tão belo e que vem sendo alvo da ofensiva do capital imobiliário. Eles estão promovendo um seminário com o tema ''Segur

A discussão quanto a abertura da área do bairro Mãe Luiza para ocupação imobiliária de alto custo vem sendo tratada desde a aprovação do Plano Diretor de Natal. É notório o interesse do capital imobiliário em ocupar aquele espaço, porém esbarra na legislação que considera aquele espaço urbano como Zona Especial de Interesse Social.


 


Na geografia existe uma discussão bem avançada quanto ao direito a cidade e esse caso exemplifica claramente esse tema. Veja que o lugar enquanto espaço de contrução da vida e valor de uso deixa de ser o foco e passa a ter conotação de mercadoria, ou seja, o valor de troca é que passa a reger aquele espaço.


 


Esse tipo de investida do capital imobiliário é muito comum nos grandes centros e tem um efeito colateral serissímo para a sociedade que é a segragação social. Basta imaginar que se os ricos começarem ocupar Mãe Luiza o caminho da população local é a periferia de Natal, onde as condições de infraestrutura são piores do que a que eles enfrentam atualmente.


 


Na minha visão o que precisa ser feito em Mãe Luiza é o poder público alocar ações de cunho estrutural, reurbanizando o bairro e investindo em ações sociais que possam ocupar a juventude, tirando-as das ruas, bem como, inserir o bairro no roteiro turístico da capital.


 


Quanto a criminalidade, o Estado é que deve exercer sua função de proteção do cidadão e fortalecer sua presença socialmente no âmbito do bairro, inibindo de todas as formas a ocupação do bairro pela criminalidade.


 


por Gutemberg Dias, geógrafo e presidente do CM do PCdoB em Mossoró
www.gutembergdias.com