Cine Ceará – Tempos de Che
É tempo de cinema. De amanhã a terça próxima, a 19ª Edição do Cine Ceará apresenta um rol variado de produções audiovisuais. de Che, A Guerrilha, ao novo filme de Heitor Dhalia, há fitas para gostos diversos
Publicado 27/07/2009 08:54 | Editado 04/03/2020 16:34
Hoje, o paraense Murilo Hauser está em Berlim. Armando Praça, no Interior do Ceará. Dellani Lima, em Minas Gerais. São centenas de quilômetros separando os brasileiros. Mesmo distantes, porém, os filmes Silêncio e Sombras (Hauser), A mulher biônica (Praça) e Bolívia te extraño (Lima) – uma animação, um curta-metragem e um documentário, respectivamente – se esbarram nos mesmos projetores da 19ª edição Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema. De amanhã até a próxima terça-feira, um sem-número de produções desfila pelas salas escuras do Centro Cultural Sesc Luiz Severiano Ribeiro, Casa Amarela Eusélio Oliveira e Espaço Unibanco Dragão do Mar. A entrada é um quilo de alimento não-perecível.
Neste ano, o Cine Ceará traz a ilha de Fidel para o Brasil. Dos dois homenageados pelo evento, um é cubano: o mestre da animação Juan Padrón, 62. Ele é convidado especial. O outro é argentino. Vivo, teria exatos 81 anos, completados no último 14 de junho. Mas Ernesto Guevara de La Serna morreu em 9 de outubro de 1967, acuado na selva boliviana. Quatro décadas depois, seu rosto é visto em camisas, biquínis e bandeiras de torcidas organizadas. No Cine Ceará, Padrón e Che têm mostras especiais. Além dessa produção, estreia, amanhã, a segunda parte da cinebiografia de Steven Soderbergh. Che, a guerrilha, tem sessão especial às 20 horas, no São Luiz.
Mas nem só de Cuba vive o festival. Às vésperas de ajustar as contas com o tempo, completando duas décadas, o Cine Ceará apresenta oito longas e 15 curtas-metragens. Entre os longas, destaque para À deriva, de Heitor Dhalia (O cheiro do ralo). Dos selecionados para a mostra principal, quatro são brasileiros: além do novo filme de Dhalia, O homem que engarrafava nuvens, de Lírio Ferreira; Se nada mais der certo, de José Eduardo Belmonte; e Pequeno Burguês – Filosofia de Vida, de Edu Mansur e Marco Mazzola. As demais produções vêm de Argentina, México, Peru e Cuba.
Na categoria curtas-metragens, há quatro fitas cearenses: A montanha mágica, de Petrus Cariry; Selos, de Gracielly Dias; Passos no Silêncio, de Guto Parente; e A mulher biônica, de Armando Praça. Segundo Praça, o festival é vitrine principal do que é feito no Ceará. Para ele, o interesse pelo cinema veio exatamente com o festival. “Muito do meu interesse pela profissão surgiu quando eu era público assíduo do festival. Outro aspecto (do festival) é a exibição de uma produção de cinema que não chegaria à cidade pelas vias de distribuição convencionais. As oficinas, seminários e a vinda de realizadores para a cidade também gera debate, encontros, contatos. Acho que tudo isso é rico para quem trabalha com audiovisual na cidade e se envolve no evento”.
Depois de estrear na Coréia e aportar no Cine-PE, de Pernambuco, a animação Silêncio e Sombras, de Murilo Hauser, chega ao Cine Ceará. “Estou muito feliz em poder participar dois anos consecutivos neste festival. A experiência no ano passado com o Outubro, meu curta-metragem anterior, foi ótima. Estou feliz também por encontrar outros filmes que gosto na programação, de realizadores muito talentosos, como Os Sapatos de Aristeu, do René Guerra; A mulher biônica, do Armando, o Selos, da Gracielly, por exemplo.” Para Dellani Lima, de Bolívia te extraño, o festival cearense de cinema é um grande painel da produção nacional e estrangeira.