Atraso em obra expõe São Paulo a miniapagões
A demora na construção de uma subestação de energia elétrica coloca sob risco crescente de apagão 21 bairros de São Paulo — entre eles Moema (zona sul) e Morumbi (zona oeste). Cortes temporários de luz são frequentes e atingem até o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Nesta terça-feira (11), vários bairros do centro da cidade ficaram sem luz por quase três horas.
Publicado 11/05/2010 14:48
Com o atraso, cresce o risco de um apagão de maiores proporções, como o de 2008, quando 2,5 milhões de pessoas ficaram sem luz na cidade devido à sobrecarga na subestação Bandeirantes, que fica ao lado da marginal Pinheiros.
Para que a situação não se repetisse, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) determinou na época a realização de 14 obras emergenciais.
A empresa privada CTEEP (ex-estatal paulista) assinou um contrato com a Aneel no qual se comprometeu a entregar uma linha de transmissão e a subestação Piratininga 2 até 16 de abril de 2010.
Equívocos e falhas na gestão da política energética por parte do governo estadual paulista, comandado pelo PSDB de José Serra, pode estar por trás dos problemas no fornecimento de energia na capital paulista. A CTEEP não respondeu à Folha qual é a razão do atraso na obra da subestação. Mas o jornal apurou que o atraso ocorreu devido à demora para obtenção da documentação ambiental.
Outro lado
A empresa limitou-se a dizer que iniciou o processo de licenciamento ambiental somente em junho de 2009 e que já solicitou à Prefeitura de São Paulo a emissão da licença final, necessária para começar a obra.
O atraso, segundo informado pela CTEEP à Aneel, decorreu da necessidade de trocar o local escolhido para a subestação porque o terreno estava contaminado. A empresa não diz qual é o grau de risco de novos apagões em razão da demora nas obras, que custam aproximadamente R$ 150 milhões.
Em nota, a CTEEP afirmou que sua controlada Interligação Elétrica Pinheiros, que toca o projeto da subestação, "atua de forma pró-ativa e colaborativa com os órgãos emissores das licenças ambientais com objetivo de obter os licenciamentos dentro dos prazos de cronograma e, assim, cumprir as datas das energizações estabelecidas pela Aneel".
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) respondeu que a obra atrasou devido ao licenciamento e que a CTEEP não pode ser punida por isso, já que o contrato permite que sejam feitas adaptações em prazos quando uma obra esbarra em questões ambientais.
A Eletropaulo não respondeu sobre o nível de segurança no abastecimento de energia na região mais dependente da subestação Bandeirantes. Afirmou que isso cabe à CTEEP. A empresa também não respondeu.
Consultada sobre a falta de energia na região sul, a Eletropaulo não se manifestou. Disse apenas que árvores respondem por 61% dos casos de falta de luz e que falhas em equipamentos são só 11% dos registros.
Com informações da Folha Online