FAO anuncia primeira redução no número de famintos em 15 anos
O número de famintos no ano de 2010 será de 925 milhões, redução de 9,6% em relação a 2009, quando foi superada a barreira de 1 bilhão. A informação foi divulgada nesta terça-feira (14) pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), em Roma. Enquanto o número é considerado "inaceitável", uma ONG aponta o Brasil como um modelo no combate ao problema.
Publicado 14/09/2010 16:23
"Estes números, colocam em risco as metas definidas nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) para 2015", observa Jacques Diouf, responsável pela FAO, adiantando que o estudo será analisado na próxima semana em Nova York, em uma cúpula que reunirá dezenas de líderes mundiais.
De acordo com as estimativas reveladas, permanecem válidos os dados que apontam a morte de uma criança a cada seis segundos, por problemas de subnutrição.
"É absolutamente inaceitável", advertiu Diouf, para quem "estes níveis elevados de fome" são uma "tragédia" e mostram que será "extremamente difícil chegar não somente ao primeiro objetivo do milênio [erradicar a pobreza extrema e a fome], mas também a todos os outros", definidos há dez anos por 189 estados-membro da ONU.
A maioria das pessoas desnutridas do mundo sobrevive com menos de um dólar por dia e habita zonas rurais de países em desenvolvimento: 578 milhões na Ásia e no Pacífico, e 239 na África subsaariana. E caso os preços dos alimentos continuem a subir, vão ser ainda maiores os obstáculos e as dificuldades para combater aquilo que a FAO considera ser "um problema estrutural.
Cerca de 98% dos famintos vivem em países em desenvolvimento, e dois terços deles se concentram em sete nações: Bangladesh, China, Congo, Etiópia, Índia, Indonésia e Paquistão.
Além disso, o relatório alerta que a crise econômica evidenciou a capacidade de reação "insuficiente" de muitos países pobres, assim como a falta de mecanismos para para proteger a população mais desfavorecida.
A FAO se baseia em dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), segundo os quais a produção mundial de alimentos aumentará em 4,2 % em 2010, após contração de 0,6% de 2009. Nesse meio tempo, o Banco Mundial assinalou um rápido aumento em fundos privados destinados aos países emergentes.
Apesar da melhoria, a agência lamenta o fato de a situação estar longe de atingir a meta fixada nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, que persegue a redução de famintos pela metade até 2015. Para a FAO, o número de pessoas que têm fome no mundo continua sendo "inaceitável".
Brasil é o melhor
Também nesta terça-feira, foi divulgado um relatório da ONG internacional Action Age, que afirma que o Brasil é um modelo na luta contra a fome para os países em desenvolvimento, graças às políticas sociais implantadas nos últimos anos.
Os dados indicam que, dentre 28 nações pobres, 20 estão longe de reduzir pela metade a fome até 2015, como estabelece o primeiro dos objetivos da ONU. Já o Brasil atingiu esta meta em 2006, e é o que melhor estaria lutando contra o problema.
A Action Aid atribui o bom resultado principalmente a programas sociais como o Fome Zero, que engloba uma série de iniciativas governamentais de apoio aos habitantes mais pobres, incluindo o Bolsa Família, subsídio mensal às famílias de baixa renda.
"A combinação de políticas de crédito e sociais ajudaram a reduzir a pobreza e a fome no Brasil. Além de iniciativas como Fome Zero e Bolsa Família, o Brasil teve muita pressão da sociedade civil para melhorar a situação social" , afirma Rosana Heringer, diretora da ONG no país.
Da redação, com agências